de Ham, o principe desherdado e fugitivo, e o hospede paciente dos inglezes, n?o parecia fadado para governar uma das maiores na??es da terra, e para vencer a aguia russa na Crimêa, e a austriaca em Solferino; Napole?o III e Affonso VI podem comparar-se n'este ponto, apesar dos oito seculos que os separam.
Affonso VI saíu de Toledo para voltar ao governo dos seus estados e para reunir sob o seu dominio a Castella, Le?o, as Asturias, a Rioja e a Biscaia. A Galliza, descontente de Garcia, contra quem já se tinham revoltado os de Entre Douro e Minho, n?o se oppoz á pris?o do seu soberano, e deixou-se encorporar na grande monarchia de Fernando Magno, reconstituida agora por seu filho Affonso. Garcia morreu na pris?o.
Dizem de D. Affonso VI que depois de sair de Toledo para tornar a reinar, o obrigára o Cid a jurar que n?o f?ra cumplice de Bellido Arnulfes na morte de D. Sancho. Deus sabe se o bom do Cid teve tal escrupulo.
No fim de tudo taes patranhas se contam do Cid que nem a gente sabe o que ha de acreditar! é certo porém que D. Garcia perdeu a cor?a da Galliza mas foi bem tratado na pris?o onde ficou até morrer apesar de ser irm?o do rei. Ras?es de estado! D'estas já por cá se viram!
Se os principes christ?os andavam sempre em guerra, que por muitas ras?es se poderia chamar guerra civil, os arabes n?o viviam entre si em uni?o mais intima. A queda dos Beni-Umeyas foi seguida de graves dissens?es ao cabo das quaes a cidade de Toledo veiu em 1085 a caír nas m?os de Affonso VI, cêrca de quatro seculos depois d'aquelle dia em que Rodrigo, o ultimo rei dos wisigodos, saíra dos muros da capital para ir acabar os seus dias na batalha do Chrissus.
Affonso VI soube sacrificar os designios ambiciosos de soberano visinho, e de guerreiro christ?o, aos deveres da amisade agradecida. Nas guerras entre o emir de Toledo e o de Sevilha, Al-Mamum teve sempre por alliado a Affonso VI seu antigo hospede, e só depois da morte do generoso arabe, e da expuls?o de seu filho, é que o estandarte christ?o tremulou na velha capital da monarchia wisigothica.
A posse de Toledo, e as victorias successivas de Affonso VI, atemorisaram Ibn-Abed, emir de Sevilha, e inspiraram-lhe a idéa de chamar de Africa os almoravides commandados por Abu-Yacub. Foram elles que no dia 23 de outubro de 1086 destro?aram na batalha de Zalaka junto a Badajoz os esquadr?es do rei de Le?o e de Castella.
Dezesete annos depois, o emir el-moslemym Iussuf era já senhor de todo o territorio desde Sarago?a até á margem esquerda do Tejo, e Affonso VI, apesar do titulo pomposo de imperador, que a vasta área dos seus estados lhe grangeára, apenas tinha alcan?ado algumas victorias na parte occidental da peninsula hespanhola. Santarem, Lisboa e Cintra tinham sido tomadas por elle em 1093, e o governo d'esse novo territorio confiado a Sueiro Mendes irm?o do lidador.
O imperador era ent?o um dos mais poderosos principes da christandade. Dos outros soberanos da Europa pouco tinha que receiar. Na peninsula porém n?o podia ter descanso, emquanto os arabes conservassem n'ella um imperio, grande pela extens?o de terreno, vigoroso pelo valor dos musulmanos, forte pela facilidade de receber soccorros enviados de Africa, tranquillo pela modera??o e brandura do governo, e n?o menos importante pela cultura das sciencias, das letras e das artes, e pelo desenvolvimento da agricultura, da industria e do commercio.
O imperio arabe na peninsula hespanhola era já um estado florescente, quando os christ?os saíram das montanhas á voz de Pelagio, e come?aram a organisar mesmo nas cidades e na c?rte uma existencia mais de acampamento militar que de sociedade constituida. A miss?o de Affonso VI era pois a guerra incessante contra os arabes.
Estas circumstancias attrahiam á c?rte castelhana um grande numero de fidalgos estrangeiros. Instigava-os a tendencia militar e aventureira da epocha; impellia-os a idéa religiosa, e o desejo do triumpho completo da cruz contra o crescente; e a estes nobres pensamentos juntava-se a ambi??o n?o menos elevada de ganhar pela for?a do proprio bra?o terras e dominios conquistados aos infieis. Estes fidalgos eram pela maior parte francezes; n?o só pela proximidade das duas na??es, mas porque de Fran?a viera a rainha D. Constan?a, esposa do imperador Affonso VI, e filha da illustre casa de Borgonha.
Dois parentes da rainha avultavam na c?rte mais do que os outros cavalleiros. Eram Raymundo, filho do conde Guilherme de Borgonha, e Henrique, filho de Henrique de Borgonha e de sua mulher Sybilla, prima co-irm? de Raymundo. Henrique por seu av? Roberto, o velho, duque de Borgonha, era descendente de Roberto, o pio, rei de Fran?a, e de Hugo Capeto, e por consequencia sobrinho de Henrique I, rei de Fran?a. Estes dois fidalgos

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