não temas a minha Magestade, porque ella
está humilhada neste Sacramento, para tirar-te o temor, e dar-te toda a
confiança, Amiga Minha, não és já minha inimiga, mas sim amiga: e
pois tu me amas, eu te amo Formosa Minha, a minha graça te tem feito
bella, Vinde cá, abraça-te comigo, pede-me o que quizeres com grande
confiança.
Dizia Santa Thereza, que este grande Rei da Gloria se tinha revestido
das especies de pão no Sacramento, occultando a sua Magestade, para
nos animar a chegarmos com mais confiança ao seu Divino coração.
Cheguemo-nos pois a Jesus com grande confiança, e grande affecto
unamo-nos com elle, e peçamo-lhes muitas graças.
Qual deve ser agora a minha consolação, ó Verbo Eterno feito homem,
e sacramentado por amor de mim, sabendo que estou diante de vós, que
sois o meu Deus, que sois uma Magestade, e bondade infinita, que
tanto amor tendes á minha alma? Almas, que amais a Deus, lá onde
estais, ou seja no Céo, ou na terra, amai-o agora muito por mim Minha
Mãe, e Senhora Maria Santissima, ajudai-me a amal-o. E vós,
amantissimo Senhor, fazei-vos o objecto de todos os meus amores:
tomai posse de toda a minha vontade: eu vos consagro todo o meu
entendimento, para que não discorra mais que a respeito da vossa
bondade: entrego-vos tambem o meu corpo, para que tambem elle me
ajude a agradar-vos: offereço-vos a minha alma, para que seja toda
vossa; quizera, ó meu amado Senhor, que todos os homens
conhecessem o efficaz amor que lhes tendes, para que vivessem todos
só para honrar-vos, e dar-vos gosto, como vós o desejais, e o mereceis.
Viva eu, ao menos, sempre inflammado no amor da vossa belleza
infinita: eu de hoje em diante quero fazer tudo quanto me for possivel
por agradar-vos: proponho de não deixar de executar qualquer cousa,
que eu entenda ser do vosso gosto, ainda que me custe uma grande
pena o perder todas as minhas cousas, ainda que me custe o perder a
propria vida: ditoso serei eu, se perder tudo, por possuir a vós, que sois
meu Deus, meu Thesouro, meu Amor.
Minha vontade, etc. (Como a pag. 19.)[2]
A Communhão Espiritual. (que vai a pag. 11.)[1]
VISITA VIII.
A Maria Santissima.
Oh doce, oh grande, oh sobre tudo amavel Maria! Não póde
pronunciar-se o vosso nome, sem que o coração se sinta abrazado no
vosso amor: nem pódem aquelles, que vos amão, cuidar em vós, sem
que se sintão movidos efficazmente a amar-vos mais. Ó Santa Senhora,
ajudai nossa fraqueza. E quem está mais proxima a fallar a nosso
Senhor Jesu Christo, do que vós que gozais tão perto do seu trato
suavissimo? Fallai, fallai ó Senhora, porque o vosso Filho vos ouve, e
alcançareis para nós tudo quanto lhe pedirdes.
Virgem Soberena, etc. (Como a pag. 22.)[3]
VISITA IX.
O Veneravel Padre Alvares vio a Jesus, que estava no Sacramento com
as mãos cheias de graças, buscando a quem as dar, Santa Catharina de
Sena, quando se chegava ao SS. Sacramento, era com aquella pressa, e
deligencia amorosa, com que se chega um menino ao peito de sua mãe.
Ó dilectissimo Unigenito do Eterno Pae, conheço que vós sois o
objecto mais digno de ser amado: eu desejo amar-vos quanto vós
mereceis: ao menos quanto uma alma póde amar vos. Bem sei que eu
traidor, e tão rebelde ao vosso amor, não mereço amar-vos, não mereço
estar visinho a vós, como agora estou nesta igreja; mas sei que vós
mesmo pedís o meu amor. Ouço que vós me dizeis: Filho meu, dá-me o
teu coração; amarás a teu Deus, e Senhor, de todo o teu coração.
Eis-aqui porque vós me tendes conservado a vida, e não me tendes
mandado para o Inferno, a fim de que eu haja de converter-me todo ao
vosso amor. Pois, Senhor, já que vós quereis ser de mim amado, sim,
aqui estou, Deus meu; a vós me rendo, a vós me entrego, ó Deus todo
bondade, todo amor. Eu vos elejo por unico Rei, e Senhor do meu
pobre coração: vós mo pedis, eu vol-o quero dar: é frio, é endurecido;
mas se vós o acceitais, vós o mudareis. Mudai-me, meu Senhor,
mudai-me; não quero viver mais ingrato, como tenho vivido, e tão
pouco amante para com a vossa bondade infinita, que tanto me ama, e
merece um infinito amor: fazei que de hoje em diante vos ame tanto,
que de alguma sorte suppra a falta de amor, que até agora para
comvosco tenho tido.
Minha vontade, etc. (Como a pag. 19.)[2]
A Communhão Espiritual. (que vai a pag. 11.)[1]
VISITA IX.
A Maria Santissima.
Adoro-vos ó Maria, vós sois, depois de Jesu Christo, a esperança dos
Christãos; recebei a súpplica de um peccador, que affectuosamente vos
ama, particularmente vos
Continue reading on your phone by scaning this QR Code
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the
Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.