he a alternativa dos tempos, que ou por
huma innação, ou por huma politica (que impolitica lhe chamára eu!)
mal considerada, este pequeno circulo cheio como hum ôvo, que assim
se podia considerar até á época de 1807 que a ex-politica Franceza o
galou, e outras circunstancias (pelas causas acima que dissemos) o
regalárão, a não ser huma inesperada Providencia com a mira n'hum
Heroismo Constitucional, estava o sobredito ôvo a ponto de se chocar
de todo!..
II. Dizem os Politicos, (e eu o creio) que por todas as razões o homem
deve aprender a Grammatica da sua propria lingua... Suppomos hum
inteiro e severo Magistrado: Que bella cousa não he saber conjugar o
Verbo--Eu perco (diz hum só que ás vezes he mui bem que perca por
que se faz merecedor de perder; pois que tem perdido outros para elle
ganhar!): Nós perdemos (ás vezes injustamente): E que a pluralidade do
ultimo deve ser preferida á singularidade do primeiro!
III. Quando reina o Despotismo, e o Rigor, o Genio Grande no centro
de hum Palacio, vive para si acanhado, aborrecido, e para os outros
Entes morto!... Quando a doce liberdade o pequeno Genio dentro de
huma choupana vive altivo, magestoso, e entre balbuciantes vozes de
ignorancia!! lhe escapão alguns pensamentos interessantes, e desta
sorte se torna mais util á Sociedade o Ignorante livre, do que o Sabio
captivo.
IV. Quando o Governo he Monarquico, succede, regularmente, que
estando hum homem no Throno, he governado o Reino por huma
Mulher! e se está huma Mulher, por hum homem! E desta maneira vem
a ser Governados os Póvos ora pelos caprichos de hum, ora de outro
individuo!
V. Quando o Governo de hum Reino he representado por Cidadãos,
todos os Cidadãos desfrutão das graças que lhes competem por seus
merecimentos; e quando he representado por hum Governo monarquico
apenas as desfructão os Criados Particulares do Paço, e aquelles que
tem particularidades com elles!
* * * * *
Que aproveita ao que he depravado nos costumes proceder de Illustre
Geração?
Politica Predicavel, e Doutrina Moral do bom Governo do Mundo.
Pag. 486. §. II. N.^o 8.
* * * * *
Aos Heróes Portuenses, que no dia memoravel 24 de Agosto de 1820
erguêrão pela primeira vez a Voz da Razão, e do Heroismo a
Liberdade Constitucional.
Vivei felizes Pios, Vencedores, Em ouro escriptos sejão vossos nomes,
Em cedro, em diamantes, em todo o
mundo. ........................................ ........................................ Em vossos
peitos sãos, limpos ouvidos Caião meus versos, quaes me Febo inspira,
Eu desta gloria só fico contente, Que a minha terra amei, e a minha
gente.
Ferreira.
Menos deloroso he (aos olhos do bom Observador) vêr a virtude sem
premio (pois já o leva no primeiro objecto) do que o vicio sem
castigo:--O Immortal Vate o expressa.--
E pondo na cobiça freio duro, E na ambição tambem que indignamente
Tomais mil vezes; e no torpe escuro Vicio da tyrania infame, e urgente:
Porque essas honras vãs, e esse ouro puro, Verdadeiro valor não dão á
gente: Melhor he merece-los sem os ter, Que possui-los sem os
merecer.[2]
Camões.
* * * * *
A Nobreza só he verdadeira onde ha Virtude, sem a qual he
vaidade:--Os Viciosos não são verdadeiramente Nobres, e infamão a
sua Nobreza.--
Rosto de formosura, e graça ornado, Riqueza, geração, forças, e honra.
E todos os mais bens da vã fortuna, Juntamente porás n'huma balança;
N'outra a Virtude subirá ás estrellas A balança ligeira da fortuna: Mas
a grave e pezada da Virtude Com o seu pezo aos abysmos decerá.
Diogo de Teive.
* * * * *
Não he o Soberano, mas sim as Leis as que devem Reinar sobre os
Póvos.
Massillon.
* * * * *
Se o Costume he Lei, e o vicio he Engano, A estrada vos mostro do
Desengano.
* * * * *
Eu a Virtude elevo, o Crime abato, Exalto o Luzo, o Gollo vitupéro,
D'este as acções tyranicas relato; Daquelle o Patriotismo, o peito féro:
Poeticas ficções não junto ao facto, Natural singeleza seguir quero,
Rodeios não procuro á sã verdade Assim fallar costuma á humanidade.
O Porto Invadido, e Libertado.
Cant. 1.^o 1.^a Out.
D'hum Cáhos surjamos qual d'antes eramos!
(Do Observador Constitucional.)
Aquella antiga idade, que contemplo Dos nossos afamados Portuguezes,
Das quaes erguidas vês hum e outro
templo. .......................................... .......................................... Tendo a
mediocridade por riqueza, Todo o sobejo fausto aborrecião; Quão
limpa, e formosa era a sua pobreza!
Ferreirra 2.^o Livro das Cartas:--Carta 3.^a
* * * * *
Quantos ha na nossa Aldea Leões e Lobos fingidos, Que hoverão de
andar despidos, Senão fôra a pelle alheia.
Francisco Rodrigues Lobo.
*FIM*.
Vende-se por 120 rs. nas lojas de João, Henriques, ao fundo da Rua
Augusta; de Antonio Manoel Polycarpo da Silva, de baixo da Arcada
do Senado, e
Continue reading on your phone by scaning this QR Code
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the
Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.