Verdades amargas

Claúdio José Nunes

Verdades amargas, by Cla��dio Jos�� Nunes

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Title: Verdades amargas estudo politico dedicado ��s classes que pensam, que possuem e que trabalham
Author: Cla��dio Jos�� Nunes
Release Date: November 30, 2006 [EBook #19974]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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VERDADES AMARGAS
ESTUDO POLITICO
DEDICADO ��S CLASSES QUE PENSAM, QUE POSSUEM E QUE TRABALHAM
POR
CLAUDIO JOS�� NUNES
LISBOA
TYPOGRAPHIA DE FRANCISCO XAVIER DE SOUSA & FILHO 26, Rua do Ferregial de Baixo, 26
*1870*

AO LEITOR
O auctor d'estas linhas n?o pretende endireitar com ellas o mundo, nem dar conselhos a quem lh'os n?o pede.
Como pertence, por��m, a essa tribu de sonhadores que tem a simplicidade de gastar alguns minutos no estudo das cousas da patria, e tantas vezes te ouve ponderar--a ti mesmo, que tens agora este folheto nas m?os--o que adiante achar��s, julgou dever condensar em letra redonda a express?o de teus patrioticos reparos.
Ignora elle, comtudo, se o pudor convencional te far�� agora tapar os olhos em publico na presen?a da verdade nua, que t?o frequentemente despes nas c?rtes e na imprensa, na sala e na rua.
�� natural que n?o.
Mas se esse facto se der; se a tua hypocrisia tomar geitos de castidade, repara que, ferindo o auctor, cravar��s o ferro em tua propria lingua.
Ha s�� uma differen?a. Tens dito mil vezes que o paiz est�� podre. Aqui diz-se unicamente que o paiz apodrece.
P��des, pois, �� vontade hervar a setta da critica.
Outubro de 1870.

VERDADES AMARGAS
Ha na vida dos povos alguns momentos em que �� honra e proveito o trabalharem todos os cidad?os na redemp??o da patria commum.
O nosso paiz atravessa uma hora difficil.
De norte a sul, em todos os recantos d'este velho torr?o portuguez, o edificio social escali?a e range, como se houvesse ca��do sobre elle uma d'essas biblicas maldi??es que imprimiam o cunho de uma irremissivel fatalidade.
As for?as vivas do paiz v?o esmorecendo n'um deploravel abatimento. Definha o commercio; retrae-se a industria; a agricultura v�� seccar os peitos uberrimos.
Sobre os factores da riqueza nacional anda uma athmosphera suffocadora. A intelligencia annuvia-se; o capital adormece; o trabalho espregui?a-se.
O melhor e maior de todos elles, a confian?a publica, declina rapidamente para um funestissimo occaso.
Porque?
Porque um povo n?o vive s�� do que palpa e do que v��. Transp?e-se o rio; corta-se o monte; povoa-se o estalleiro; fertilisa-se o solo; mas se todo o progresso material f?r automaticamente produzido, sem que o illumine uma faisca d'esse espirito publico, que constitue a alma das grandes na??es, tarde ou cedo a ephemera florescencia murchar�� de encontro ao mais ligeiro attricto.
E assim ��.
Quiz Portugal acompanhar a Europa no caminho da civilisa??o. Poz a estrada aonde era o barranco e o caminho de ferro aonde era a estrada. Estimulou a produc??o pelo consummo e o consummo pela produc??o. Fez do credito a alavanca de multiplicadas emprezas. Viveu em vinte annos o que n?o viv��ra n'um seculo. Mas como, no meio d'esse tumultuar de interesses, n?o quiz ter olhos e cora??o para o culto das cousas do espirito, v��-se hoje a bra?os com uma crise angustiosa, nascida em grande parte da relaxa??o moral em que labora o paiz, debaixo do ponto de vista politico e social.
* * * * *
Diga-se a verdade, custe o que custar. N?o �� com o silencio que se d�� rebate a um povo em perigo. Ponha-se o cauterio na ferida, embora as carnes estreme?am com a dor.
O verdadeiro patriotismo n?o cala nem dissimula; descobre e repara.
E o remedio urge. Um veneno subtil, mescla atroz de apathia, de relaxa??o e de egoismo, vai-se lentamente infiltrando por quasi todas as camadas da sociedade portugueza e acabar�� por matal-a, se contra elle n?o reagir a poderosa triaga de moralisadora e energica ac??o.
Sem criterio moral n?o ter�� o paiz o sentimento de seus direitos e de sua responsabilidade.
Se lhe faltar esse duplo sentimento, faltar-lhe-ha a vontade propria.
Sem vontade propria n?o ha elementos de boa politica.
Sem boa politica n?o ha governos estaveis.
Sem estabilidade nos governos n?o ha confian?a publica.
Sem confian?a publica n?o ha grangeio de riquezas.
Sem augmento de riquezas n?o se avoluma facilmente a receita do estado.
Sem equilibrio no or?amento vai-se direito �� ruina.
Ruina que n?o prov��m, pois, unicamente de raz?es physicas occasionaes, mas que tem raiz e tronco na condi??o moral em que vivemos.
Ruina que p��de levar-nos ao suicidio na bancarota ou na Iberia.
Incuta-se, pois, no paiz um novo alento e o que hoje �� beira de abysmo, na
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