Trovas do Bandarra | Page 2

Bandarra Gonçalo Anes
que lhe tribut?o D. Nicola? Monteiro, Vox Turtur., o P. Vasconcellos no seu admiravel Livro da Restaura?. de Portugal, e outros, que aponta o mesmo Barboza.
Resta antes de concluir mos em agradecimento fazer neste lugar honrada memoria de dous consumados var?es, que muito contribuira? para gloria do nosso Author. Seja o primeiro D. Vasco Luiz da Gama, V. Conde da Vidigueira, e I. Marquez de Niza, a quem se deve aquella Edic?a? de Nantes, e nella se diz sómente ser por um grande Senhor de Portugal; e verdadeiramente foi notado de mui nobres, e excellentes qualidades, por onde se faz credor de grandissimos elogios. Occupou mui altos empregos, como o de Almirante do Mar da India, Deputado da Junta dos Tres Estados, e do Despacho das Juntas na Regencia da Rainha D. Luiza, e de seus filhos os Reis D. Affonso VI., e D. Pedro II. sendo Regente, Vedor da Fazenda dos ditos Reis, e Estribeiro Mor da Rainha D. Maria Francisca Isabel de Saboia. Foi Commendador na Ordem de Christo, e do Conselho de Estado, e Guerra, e duas vezes Embaixador a Fran?a por El Rei D. Jo?o IV., a primeira em 1642, e a segunda em 1646, em que mostrou discrip??o, prudencia e zelo do bem do Reino, a ultimamente a Roma em obediencia aos Papas Urbano VIII., e Innocencio X. Na Paz, que se celebrou deste Reino com Castela em 1668. teve muita parte, sendo um dos Plenipotenciarios para ella eleito, em que se houve com muita circumspec??o.
O outro he D. Alvaro de Abranches da Camera, que antes lhe havia mandado levantar novo sepulchro com seu Epitafio na Igreja de S. Pedro da Villa de Trancozo, trasladando seus ossos de outra baixa, e humilde, em que jazia, e fazendo lhe insculpir por divisa na pedra os instrumentos do officio de ?apateiro, que elle havia exercitado. Esta grande honra havia o mesmo Bandarra profetizado nas Quadras 8 e 9 do. III. Corpo das Trovas, Sonho I. por estas mysteriosas palavras:
8.
Vejo, mas n?o sei se vejo,?O certo he, que me cheira,?Que me vem honrar á Beira?Um Grande do pè do Tejo.
9.
Formas, cabos, e sovelas?Lavradinhas com primor?Mandareis abrir, Senhor,?Muitos folgar?o de vê las.
Ali ta? somente lhe chama, e assim o dá a conhecer, "Um Grande do pé do Tejo:" e sem duvida foi elle um dos mais illustres, e accreditados Fidalgos da Corte no seu tempo. Era filho de D. Francisco da Camera Coutinho, Commendador de S. Jo?o da Castanheira na Ordem de Christo e D. Guimar de Abranches; e neto pela parte paterna de Rui Gonsalves da Camera, Capit?o Donatario da Ilha de S. Miguel, I. Conde de Villa Franca, e de D. Joanna de Blaesvelt, da Casa dos Condes de Redondo, e pela mai de D. Joao de Abranches de Almada, e de sua segunda mulher D. Antonia de Souza. A tamanha nobreza uniu muitos merecimentos, adquiridos por seus servi?os. Deve se a seu singular espirito, e valor a liberdade da Patria na gloriosa Acclama??o d'el Rei D. Jo?o IV., sendo um daquelles illustros Fidalgos, que para ella sobre maneira concorreu, arvorando a Bandeira da Cidade, recobrando o Castello de Lisboa, e soltando alguns, que ali se achav?o prezos, com outras muitas ac??es de lealdade, e heroico desinteresse, que ser?o de exemplo á posteridade. Foi Commendador de S. Jo?o da Castanheira, Senhor dos Morgados de Abranches, e Almadas, Conselheiro de Estado, Mestre de Campo General da Estremadura, e por duas vezes Governador das Armas da Provincia da Beira. E porque digamos tudo para seu completo elogio, foi casado com D. Maria de Lencastre, da Casa dos Bar?es, hoje Marquezes de Alvito, e della houve a D. Magdalena de Lencastre e Abranches, I. Condessa de Valladares, mulher do Conde D. Miguel Luiz de Menezes, e D. Guimar de Lencastre, que foi mai de Trist?o da Cunha de Ataide, I. Conde de Povolide, e de Nuno da Cunha de Ataide, Inquisidor Geral destes Reinos, e Cardial da Santa Igreja de Roma do titulo de S. Anastacia, por quem se transmitiu o Segundo Corpo das Trovas ineditas, que agora damos. Delle se lembra o P. Nicol?o da Maia na Rela??o daquella Acclama??o que publicou em 1641. Salgad. de Araujo, Success. Militar. Liv. III., cap. 30, e seg., O Conde da Ericeira, Portug. Restaurad. P. I. nos Liv. 2. 4. 7. 8., Souz. Hist., Genealog. da Casa Real, Liv. VII. cap. I. Castro, Mapp. de Portugal, P. IV. cap. 4. e outros.
A honra de mandar levantar a Bandarra o sepulchro, que acima dizemos, e por que se lhe deve esta sua memoria, refere o mesmo Antonio de Souza de Macedo na sobredita Lusitania Liberat., e lugar apontado a pag. 736., e damos as suas mesmas palavras:--"Anno 1641. D. Alvarus de Abranches, provinciae Beirae Generalis, hujus viri humile sepulchrum in portico Ecclesiae S.
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