com Mecia.
XLVII.
Pois he de alta valia,?D��mos lhe outro montado,?O monte que reluzia,?Aonde fa?a a bailia,?E paste bem o seu gado.
RODO?O
XLVIII.
Tudos ja tendes partido,?Todos os montados dais,?Eu que fui de v��s querido,?E dos lobos mui ferido,?De mim ja vos n?o lembrais?
PASTOR MOR.
XLIX.
Ainda fica mais, e mais,?Vossos gados pastar?o,?Fic?o terras de ch?o taes?Os valles, e piornaes,?Tudo vos dou, Rodo?o.
L.
Tambem fic?o umas ladeiras?De hervas mui saboridas,?Donde sahem umas ribeiras,?Que reg?o muitas lameiras?Com aguas esclarecidas.
LI.
A quellas serras erguidas,?Onde est�� a nobre montanha,?Pois por n��s for?o havidas,?E ategora perdidas,?Fiquem a toda a companha.
LII.
A quelle valle de alem?He o valle de primor,?He o valle de Salem,?Onde acho que muitos tem?Grande virtude, e valor.
GARCIA.
LIII.
Ja matar?o o gr?o Pastor,?Por inveja o matar?o:?Porque era bom guardador,?Das ovelhas bom creador;?Por cobi?a o acabar?o.
FERNANDO.
LIV.
Os bailos s?o acabados,?Senhor, vamos a jantar,?Que dos trabalhos passados?Muitos ha aqui desmaiados,?Que convem de repouzar.
LV.
Se algo lhe quereis dar,?Sobre meza lho daremos,?Onde bem pode mandar,?E o seu gado bem pastar,?Que assim por bem o temos.?Cahe no bailo de Jo?o.
PEDRO.
LVI.
Tambem la naquella altura?Est�� um lobo huivando,?E no meio da espessura?Um bufo est�� bufando,?E um mocho est�� cantando,?E Andre est�� sentindo?N?o bailar como Fernando.
JO?O.
LVII.
Tambem Pedro, por quem procuro,?He um bar?o singular,?Que no claro, e no escuro?Sempre bailou mui seguro,?E hade ficar sem lhe dar?
PASTOR MOR.
LVIII.
Pois va o elle cercar,?E far lhe h?o grandes damnos;?I-lo hemos ajudar,?At�� poder sugeitar?Os cavallos Mariannos.
LIX.
Ao redor da gr?o cabana?Na quelles montes erguidos,?No valle que se diz Canna,?Ouvimos esta semana,?Lobos que and?o fugidos,?Dando grandes alaridos,?Fazendo grande agonia,?Muitos mortos, e feridos,?E outros and?o perdidos.?Cahem no bailo de Garcia.
PASTOR MOR.
LX.
Quem mete ao estrangeiro?C�� no meu nobre assento,?Pois o defendi primeiro,?Poisque do meu vencimento?Lhe peza mui por inteiro?
ESTRANGEIRO.
LXI.
Em que vos hei offendido,?E de mim sois anojado?
PASTOR MOR.
LXII.
He porque te hei requerido,?Mil vezes commettido,?E tu sempre desmandado:?E porque est��s abra?ado?Com os meus competidores,?E com elles alliado,?Na? mereces ter montado?Com estes nobres Pastores.
LXIII.
Tu me has sido revel?Contra os meus ovelheiros,?Abra?ado com Babel?Mui descrido, e cruel,?Contra os meus pegureiros.?Minhas ovelhas, carneiros?Na? lhe tinhas lealdade,?Degolavas meus cordeiros,?Derrubavas meus chiqueiros,?Negavas me a verdade.
ANDRE.
LXIV.
I vos, Pastor, mui embora,?Grande merce nos fareis.?Que vos vades logo essa hora,?E depois que fordes f��ra,?Alguma raz?o tereis.
JO?O.
LXV.
Poraqui vos sahireis,?Mentes o Pastor d�� volta,?Que depois n?o podereis,?E qui?ais nos metereis?Nalguma grande revolta.
FERNANDO.
LXVI.
N?o te queiras mais deter,?Busca jogos, e harmonias,?Poronde tomes alegrias,?Antesque haj?o de volver.?Oh! Senhor, tomai prazer,?Que o gr?o Porco selvagem?Se vem ja de seu querer,?Meter em vosso poder?Com seus portos, se passagem.
LXVII.
Em os campos de Trop��?Vossa frauta tangereis,?E nos campos de Godofr��,?E nas terras de Thome?Todos nellas bailareis,?Com os filhos de Ullisse,?Que gost?o nosso tanger.?Nenhum porco roncar��,?Nenhum lobo huivar��?Sen?o por vosso querer.
PROGNOSTICA O AUTHOR OS MALES DE PORTUGAL, CANTA SUAS GLORIAS COM A ACCLAMA??O DO REI ENCUBERTO.
LXVIII.
Forte nome he Portugal,?Um nome t?o excellente,?He Rei do cabo poente,?Sobre todos principal.?N?o se acha vosso igual?Rei de tal merecimento:?Na? se acha, segun sento,?Do Poente ao Oriental.
LXIX.
Portugal he nome inteiro,?Nome de macho, se queres:?Os outros Reinos mulheres,?Como ferro sem azeiro;?E sen?o olha primeiro,?Portugal tem a fronteira,?Todos mud?o a carreira?Com medo do seu rafeiro.
LXX.
Portugal tem a bandeira?Com cinco Quinas no meio,?E segundo vejo, e creio,?Este he a cabec��ira,?E por�� sua cimeira,?Que em Calvario lhe foi dada,?E ser�� Rei de manada?Que vem de longa carreira.
LXXI.
Este Rei tem tal nobreza,?Qual eu nunca vi em Rei:?Este guarda bem a lei?Da justica, e da grandeza.?Senhorea Sua Alteza?Todos os portos, e viagens,?Porque he Rei das passagens?Do Mar, e sua riqueza.
LXXII.
Este Rei tao excellente,?De quem tomei minha teima,?Na? he de casta Goleima,?Mas de Reis primo, e parente.?Vem de mui alta semente?De todos quatro costados,?Todos Reis de primos grados?De Levante ate ao Poente
LXXIII.
Ser?o os Reis concorrentes,?Quatro ser?o, e na? mais;?Todos quatro principaes?Do Levante ao Poente.?Os outros Reis mui contentes?De o verem Imperador,?E havido por Senhor?Na? por dadivas, nem presentes.
LXXIV.
Commendadores, Prelados,?Que as Igrejas comeis,?Tra?areis, e volvereis?Por honra dos Tres Estados,?E os mais ser?o taxados;?Todos contribuir?o?E haver�� gr?o confus?o?Em toda a sorte de estados.
LXXV.
Ja o Lea? he experto?Mui alerto.?Ja acordou, anda caminho.?Tirar�� cedo do ninho?O porco, e he mui certo.?Fugir�� para o deserto,?Do Lea?, e seu bramido,?Demostra que vai ferido?Desse bom Rei Encuberto.
LXXVI.
Uma porta se abrir��?N'um dos Reinos Africanos,?Contraria aos Arrianos,?Que nunca se cerrar��.?A vacca receber��?A nova gente que vem,?Com pr��zer de tanto bem?Seu leite derramar��.
LXXVII.
A lua dar�� gr?o baixa,?Segundo o que se v�� nella,?E os que tem Lei com ella:?Porque se acaba a taixa.?Abrir se ha aquella caixa,?Que ategora foi cerrada,?Entregar se ha �� for?ada?Envolta na sua faixa.
LXXVIII.
Um gr?o Le?o se erger��,?E dar�� grandes bramidos;?Seus brados ser?o ouvidos,?E a todos assombrara;?Correr��, e morder��?E far�� mui grandez damnos,?E nos Reinos Africanos?A todos sugeitar��.
LXXIX.
Passar��, e dar�� boccado?Na terra da Promiss?o,?Prender�� o velho C?o,?Que anda mui desmandado.
LXXX.
De perd?es, e ora??es?Ir�� fortemente armado,?Dar�� nelles S. Thiago,?Na volta que faz depois.
LXXXI.
Entrara com dous pend?es?Entre os porcos sedeudos,?Com fortes bra?os, e escudos?De seus nobres Infan??es.
INTRODUZ O AUTHOR POETICAMENTE DOUS JUDEOS, QUE VEM BUSCAR O PASTOR MOR UM CHAMADO FRAIM, E OUTRO D?O, E ACH?O FERNANDO OVELHEIRO �� PORTA.
FRAIM.
LXXXII.
Dizei,
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