precizas m[~u]itas régras com m[~u]ito numerózas eicè??is, ficando ainda m[~u]itas couzas sem ser reguladas; de módo que o conhecimento da ortografia tornar-se-ia t?o difícil de alcan?ar, como é o de algumas artes e ciências. Suceder-nos-ia como aos francezes, que, apezar de tantos trabalhos e t?o àutorizados como s?o os da sua academia, tem ainda uma ortografia que, em parte tambem pelas dificuldades peculiares da língua, se n?o considéra digna d'aquéla na??o culta.
Restava portanto tomar por baze da ortografia que se propuzésse, ou a etimolojia ou a pronúncia.
A respètiva escolha éra o ponto mais grave da taréfa a cargo da comiss?o. Tratou por isso d'esclarecer-se bem a esse respeito; e entre outras couzas, procurou conhecer o jénio da língua, àlem d'outros meios pelo da sua istória, a fim de guiar-se por ele.
Veja-se pois, que é o que sobre o assunto nos dis a istória.
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A istória ensina, que o português primitivo, a língua do ber?o da monarquia (Entre Douro e Minho), a que faláv?o os senhores e ómens d'armas que ajudár?o Afonso Enriques a fundar este reino, éra uma mistura da linguájem rude dos aboríjenes (mistura tambem) e do latim bárbaro das leji?is romanas,--mistura alterada com elementos introduzidos pelos conquistadores do nórte, principalmente os suévos e vizigódos, e tambem pelos sarracenos, e alterada ainda, depois de conquistado o sul, por motivo das rela??is com os seus abitantes já meio árabes e outros árabes verdadeiros, e, depois de estabelecida a capital em Lisboa, por cauza da coloniza??o vinda de Marrócos e do grande número d'estranjeiros que concorrí?o ao seu porto, particularmente os cruzados m[~u]itos dos quais aí ficár?o; bem que móstre que predominava o elemento latino, pelo m[~u]ito que se encarnara na Península o módo de ser dos romanos, por ser o latim a língua dos atos religiózos e das rela??is com Roma e com os outros governos da Európa, e porque os sacerdótes ér?o quázi os únicos ómens de letras no país. Assim como nos ensina que esse amálgama éra apenas língua falada; porque pouco ou nada se lia e escrevia, visto que o elemento burguês apenas se fazia sentir, e os senhores só cuidáv?o de armas, desdenhando até o saber ler e escrever,--erro de educa??o que durou em parte até n?o m[~u]ito lonje de nós.
Póde pois imajinar-se o que éra o português d'éssas épocas, e atésta-o o m[~u]ito pouco que d'ele résta. Póde dizer-se que n?o se escrevia; e falava-se um português t?o simples, quanto ér?o simples os ómens e a vida que viví?o.
A istória móstra que foi assim, até que no fim do século XIII D. Dinís, esse modelo de reis, criou em Lisboa as escólas jerais, come?o da universidade, que depois tanto se tem ilustrado em Coimbra. Mas móstra ao mesmo tempo, que isto n?o fês mais que àumentar o predomínio do latim; porque para as escólas jerais e depois para a universidade viér?o vários professores estranjeiros, jente m[~u]ito versada no latim que éra a língua dos ómens de letras, e viér?o tambem os compêndios das universidades estranjeiras que ér?o todos em língua latina. E as escólas que D. Dinís e seus sucessores estabelecêr?o fóra d'alí, ér?o ou de primeiras letras onde só se ensinava a ler e escrever, ou de gramática latina, sendo lá absolutamente desconhecida a gramática portugueza,--circunstáncias que sòmente cessár?o no fim do segundo quartel do prezente século.
E as escólas jerais e a universidade criár?o os ómens de letras que, com o andar do tempo, fixár?o a língua e lhe determinár?o a ortografia, a qual, como éra natural, aferír?o pelo latim, dando lugar a Càm?is poder dizer:
E na língua na qual quando imajina, Com pouca corru??o crê que é latina.
Se é que póde dizer-se que foi determinada uma ortografia, tendo cada clássico e cada lèccicógrafo ortografado a seu módo.
Com tudo a istória ensina tambem, que a na??o continuou a falar a sua língua, aceitando sòmente os aperfei?oamentos que recebia a gramática, e modificando racionalmente a prozódia. éssa língua alatinada pela ortografia que se estabeleceu, ficou circunscrita aos impréssos e á escritura dos eruditos, sendo apenas falada por alguem que queria afètar de sêl-o.
Em fim éla ensina que por isso, apezar do latim continuar dominando como senhor, apezar da gramática latina continuar a ser a única professada oficialmente, limitados sempre os professores d'instru??o primária ás xamadas primeiras letras, a linguájem falada foi sucessivamente ganhando vitória sobre vitória contra a linguájem escrita. O que se escrevia e imprimia em 1836, aí está para demonstrar como já se axava alterada a ortografia estabelecida nos séculos XV e XVI.
E pela sua parte o prezente móstra a todos, qu?o fecundo foi o impulso dado pelas leis sobre instru??o publicadas néssa época recente, e qual o rezultado d'élas e de outras que viér?o depois, principalmente as de 1844. Oje temos nos liceus um curso m[~u]ito dezenvolvido de português,
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