da noite?dormi so no quarto d'alva
Quando ouui (nam sey fe ouui)?sonhey (nam sey se sonhaua)?liras con cordas deuinas?Anjos con voses humanas
Fiquei absorto; porem?abr? parte da varanda?repremi todo o alento?por ser pequena a distancia
Estavam dous Bargantins?a bordo da Capitania?hum pella banda direita?outro pella outra banda
Encontrauansse os discantes?c? o rustico das flautas?o tosco das sanfoninas?c? o son?ro das arpas
Callandosse os Instromentos?h[~u]a vox branda e delgada?tam fina que parecia?que por Fee se deuisaua
Cantou a seguinte letra;?a Fee senhora uos canta?porque chora ha muito tempo?a dila?am desta causa
Cantou outra vox son?ra?o seguinte; o bem haja?quem Charitativa a Fee?tanto estende tanto espalha
A outra vox que Esperou?por ser toda Esperan?a?disse a fim; a fe, que espera?vencer a Fee a demanda.
Bem no vltimo compa?o?deste terno; a outra barca?tocando a dan?a do Porto?posto estaua sobre as aguas
Deu principio a que Cantasse?h[~u]a vox sentida e branda?que parece que se via?o mesmo que se escutaua
Disse assim; uera o mundo?nas partes da gran Bretanha?aquella que se nam uê?por toda a terra espalhada
Cantou logo outro quarteto?outra vox, que por ser alta?pudera correr parelhas?con a trompeta da fama
E disse desta maneira?(son?ra liquida e clara)?quem entra pello ouuir?nunca de teus Reinos saya
Cantou logo a vox terceira?pondo as terceiras tam altas,?que deixou sem corda alg[~u]a?as Violetas que tocaua
Mestra hera entre todas?porem mal afortunada?qui?a por ser da Capella?melhor flor; ou melhor falla
Cantou o quarto sentido?mas porem tanto gostava?do que cantou, que nam pude?ouuir lhe a menor palaura
O quinto fes hum discante?porem nam quis Cantar nada?e tocando h[~u]a ala uella?foramsse em modo de dan?a
Fiquey do que ouui suspen?o?despertey os camaradas?que nam seram testemunhas?por ser suspeitos na causa
Muito foi, sendo potencias?o nam ouuillas uiva alma?mas dormiram, porque disem?durma quem tem boa fama
Muito foi, sendo sentidos?nam nos sentir h[~u]a armada?mas so quem teue pedreiras?pode alcan?ar ditas tantas
Sahio o dia bem cedo?porque bem de madrugada?vinha ver qual dos dous soes?o tal dia gouernaua
A tempo que os marinheiros?hiam colhendo as amarras?disendo na sua lingua?uento em poupa, mar bonan?a
E largando a Nao Real?deu à vella toda a armada?saluando a Nao que a Bellem?trouxe o pam que a tantos salua.
A torre nos fes conuite?con doce que chamam balla?e por ser menhan, nos deu?salua, sem pucaro de agua
Ouue tiros como area?e hera a fuma?a tanta?que areava; tanto asim?que areou a mesma praya
Neste mesmo tempo a torre?que inda que velha se chama?nam deixa de ter seus fumos?inda depois de enterrada
Fes suas pe?as, e tanto?que a de Belem, asustada?cuidando ardia: foj logo?valler lhe por sima da agua
Se nam fora Caparica?que por vesinha chegada?lhe deu fumo do murra??e desseo a acompanhalla
Senam con ballas de fogo?talves con tiros de lagrimas?tanto asim, que a capa rica?que trouxe, leuou molhada
Fomos rompendo o Christal?do Tejo; o quem pintara?as despedidas dos montes?e as saudades das aguas
Acompanharam nos sempre?barquinhas, botes, fragatas?que isto de levar barquinha?he aliuio das jornadas
Tomamos de h[~u]a Pilloto?somente por ser usan?a?que os ardilosos Ingleses?tem a barra decorada
Depois de passar as Torres?entramos pella anciada?de sam Iuseph donde as ueses?fomos alguns camaradas
A ver entrar Naos Inglesas?a ver sahir Naos de Olanda?a uer hir Naos para a India?e a uer dar fundo as armadas
Lembroume o passado tempo?e deste agora a mudan?a;?Mas tudo fas por melhor?quem estas mudan?as tra?a
Chegamos a sam Giam?longe alg[~u] tanto da Patria?que inda que fraca Lisboa?p?de lan?ar longe a barra
Tanto hera o fogo na Torre?que cuidando se queimaua?(sem ter auiso do Ceo)?fogio de lob toda a armada
A outra Torre de fronte?tanto estoutra a remedaua?que parecia Bogio?que con Cachopos brincaua
Logo auistamos Cascaes?imperio de mil Monarchas?que por Pentecoste, deixam?o exercicio das barcas
A Gu?a fomos deixando?por serem os todos Aguias?no uoar con tanto Norte?que assas foj pesada gra?a
Alongamonos da Roca;?esse ella fora de Cana,?acharamos o Canal?sem ser na Costa de Fran?a
O vento nos desuiou?de terra; con for?a tanta?que c? os mares fisera??seu dever as enjoadas
Na? se uio mais terra alg[~u]a,?viasse so Ceo, e agua,?h[~u] que pedia o Eu?outro que pedia O atra
Hera? tudo inglesias?gut mora de madrugada,?gut naite a noite, e a biar?suprindo na falta da agua
Fomos con contrarios ventos?oito dias; e a jornada?se perdia, porque o Norte?cortês nos acompanhava
Auistamos hum Navio?que vinha da gran Bretanha?para as partes do Oriente?e o vio, vendo a Capitania
Ao bater as bandeiras?posse a trinca, ou a capa?disparando toda a pe?a?de hu? bauda e outra banda
Mas como as Magestades?ja mais esta? obrigadas?a agradecer cortesias?respondeo a Almiranta
Foy hum dos dias alegres?que tiuemos na jornada?mas ausentandosse o vento?posnos tres dias em calma
Sahira? os Bargantins?visitousse a Capitania?e os clarins daua? tangendo?noticias da bonan?a
Ouue brindes nos navios?tantos; que ao hir para a cama?ouue gente que cahio?sete veses, sem ser sancta,
Soprou ao outro dia?vira??o do mar, mas branda?e nos pos em breves horas?junto á costa de Biscaya
Continuou con mais for?a?este vento; e na semana?vespera das Ladainhas,?mediosse o canal a bra?as
Os abra?os fora? muitos?as cantigas, as guitarras?os jogos, os antremeses?as mascarilhas, e as dan?as
E o ter?o, que cada dia?na nossa Nao se resava?tres veses se duplicou?tendo no fin sua salva
Tantum ergo sacramentum?con deva?a? se
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