Lassalle, e tive a minha hora de v? popularidade.
Do que publiquei por esse tempo, ahi vae o que ainda posso lembrar. O meu primeiro folheto �� do anno de 1864. Intitula-se: _Defeza da Carta Encyclica de S. S. Pio IX contra a chamada opini?o liberal_. �� um protesto contra a falta de logica com que as folhas liberaes atacavam o _Syllabus_, declarando-se ao mesmo tempo fieis catholicos. O auctor, glorificando o Pont��fice pela belleza da sua altitude intransigente em face do seculo, via n'essa intransigencia uma lei historica, resava respeitosamente um _De profundis_ sobre a egreja condemnada pela mesma grandeza da sua institui??o a cahir inteira mas n?o a render-se, e atacava a hypocrisia dos jornaes liberaes.
O meu ultimo folheto �� de 1871. Intitula-se: _Carta ao ex.^{mo} marquez de Avila e Bolama, sobre a Portaria que mandou fechar as Conferencias do Casino lisbonense_. As Conferencias Democraticas tinham sido fundadas por mim com o concurso de homens mo?os (que quasi todos t��m hoje nome na politica) e eram muito frequentadas pelo escol da classe operaria. Pareceram perigosas ao governo, que arbitrariamente as mandou fechar. O meu folheto parece que concorreu, segundo se disse, para a queda do ministerio, que, de resto, n?o podia durar muito, sendo dos chamados de transi??o. �� uma diatribe, mas eloquente.
Entre esses dous extremos, colloca-se a famosa _Quest?o Litteraria_ ou a _Quest?o de Coimbra_, que durante mais de 6 mezes agitou o nosso pequeno mundo litterario, e foi o ponto de partida da actual evolu??o da litteratura portugueza. Os _novos_ datam todos de ent?o. O Hegeltanismo dos Coimbr?es fez explos?o.
O velho Castilho, o Arcade posthumo, como ent?o lhe chamaram, viu a gera??o nova insurgir-se contra o sua chefatura anachronica. Houve em tudo isto muita irreverencia e muito excesso; mas �� certo que Castilho, artista primoroso mas totalmente destituido de id��a, n?o podia presidir, como pretendia, a uma gera??o ardente, que surgia, e antes de tudo aspirava a uma nova direc??o, a _orientar-se_ como depois se disse, nas correntes do espirito da ��poca. Havia na mocidade uma grande fermenta??o intellectual, confusa, desordenada, mas fecunda: Castilho, que a n?o comprehendia, julgou poder supprimil-a com processos de velho pedagogo. _Inde irae_. Rompi eu o fogo com o folheto _Bom senso e Bom gosto, carta ao ex.^{mo} A. F. de Castilho_. Seguiu-se Theophilo Braga, seguiram-se depois muitos outros, _la mel��e devint g��nerale_. Todo o inverno de 1865 a 66 se passou n'este batalhar. Quando o fumo se dissipou, o que se viu mais claramente foi que havia em Portugal um grupo de 16 a 20 rapazes, que n?o queriam saber da Academia nem dos Academicos, que j�� n?o eram catholicos nem monarchicos, que fallavam de Goethe e Hegel como os velhos tinham fallado de Chateaubriand e de Cousin; e de Michelet e Proudhon, como os outros de Guizot e Bastiat; que citavam nomes barbaros e sciencias desconhecidas, como glottica, philologia etc., que inspiravam talvez pouca confian?a pela petulancia e irreverencia, mas que inquestionavelmente tinham talento e estavam de boa f�� e que, em summa, havia a esperar d'elles alguma cousa, _quando assentassem_.
Os factos confirmaram esta impress?o: os 10 ou 12 primeiros nomes da litteratura de hoje sahiram todos (salvos 2 ou 3) da Escola Coimbr? ou da influencia d'ella. O Germanismo tomara p�� em Portugal. Abrira-se uma nova ��ra para o pensamento portuguez. O velho Portugal ainda conservado artificialmente por uma litteratura de conven??o morrera?definitivamente. D'esta especie de revolu??o fui eu o porta estandarte, com o que me n?o desvane?o sobre maneira, mas tambem n?o me arrependo. Se a uma ordem artificial se seguia uma especie de anarchia, �� isso ainda assim preferivel, porque uma contem germens de vida, e da outra nada havia a esperar. Pertence ainda a essa epoca o folheto: _Dignidade das Lettras e Litteraturas officiaes_.
Durante o anno de 1867 e parte de 68 viajei em Fran?a e Hespanha e visitei os Estados Unidos da America. No fim d'esse anno de 68 publiquei o folheto: _Portugal perante a Revolu??o de Hespanha_. Advogava ahi a Uni?o Iberica por meio da Republica Federal, ent?o representada em Hespanha por Castellar, Pi y Margall e a maioria das C?rtes Constituintes. Era uma grande illus?o, da qual por��m s�� desisti (como de muitas outras d'esse tempo) �� for?a de golpes brutaes e repetidos da experiencia. Tanto custa a corrigir um certo falso idealismo nas cousas da sociedade!
O meu _Discurso sobre as causas da decadencia dos Povos peninsulares nos seculos XVII e XVIII_, embora pizasse um terreno mais solido, o terreno da historia, resente-se ainda muito da influencia das ideias politicas preconcebidas, da critica historica com _tendencias_. �� do anno de 1871.
N'esse anno e no seguinte tomei parte activa no movimento socialista, que se iniciava em Lisboa, e tanto n'essa cidade como no Porto escrevi bastante nos jornaes politicos. Incidentemente publiquei n'um pequeno volume,
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