Manuel da Maya e os engenheiros militares portugueses no Terramoto de 1755 | Page 6

Cristóvão Aires
mandasse passar os liveis necessarios para se conhecer e calcular com clareza os declivios que ha dos Mosteiros da Boa Hora, do da Annunciada, do de Corpos Christi, da Igreja da Magdalena, e S. Sebasti?o da Padaria, at�� ��s cortinas do Terreiro do Pa?o e da Ribeira?; tinha isto por fim acommodar os entulhos em logares mais baixos.
Por Aviso de 22 do mesmo m��s e anno foi ordenado a Manuel da Maya que ?na conformidade das reaes ordens fizesse apalpar e abalizar pelos officiaes, que achasse mais expeditos e exactos, os terrenos de que se tratava, em forma que ficassem distinctamente demarcados os logares que se houvessem de entulhar e as alturas dos entulhos que nelles se haviam de lan?ar, para que fossem lan?ados com a devida propor??o, onde mais conviesse e sem o perigo de se tornarem a mover, etc.?.
Outro Aviso da mesma data ao Duque Regedor das Justi?as (Duque de Laf?es) para se nivelar a parte da cidade que ia entre a rua Nova do Almada e a Padaria, e para se p?rem marcos e balizas nas covas e declives, afim de se encherem com os desentulhos e ficar nivelado o Terreiro do Pa?o com as mesmas duas ruas em beneficio da reedifica??o da cidade, ordenava ao mesmo Engenheiro mor ?que, pelos officiaes que achasse mais expeditos, fizesse p?r as sobreditas balizas com a brevidade que requeria a urgencia[12]?.
S?o estas umas simples amostras do grande trabalho e da miss?o importante que aos engenheiros militares coube na reedifica??o da cidade, como lhes continua a caber no decurso dos tempos; pois que nomes de engenheiros do exercito muito distinctos est?o ligados, n?o s�� a obras militares, mas civis, na historia do nosso pa��s.
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E melhor do que o poderiamos dizer, falar�� agora do grande papel que Manuel da Maia teve nesse grave momento da nossa existencia social a memoria (disserta??o) que em seguida publicamos, por elle apresentada sobre a reedifica??o da capital, e que pela primeira vez damos �� estampa. �� dividida em tres partes: as duas primeiras conservam-se nos papeis de Jos�� Baptista de Castro na Biblioteca Publica de Evora; a terceira encontra-se, remettida do Archivo Militar, na Torre do Tombo. Devia ter uma quarta parte, que o auctor deixou de escrever[13]. Damos aqui publicidade ��s tres partes que pudemos felizmente reunir, na certeza de que encontrar?o o apre?o e a estima??o do leitor.
Ao Duque de Laf?es, na sua qualidade de Regedor das Justi?as, era dirigida essa disserta??o, e do conceito e apre?o em que foi tida reza o seguinte officio, cuja copia guarda a Biblioteca de Evora:
Ex.^{mo} Sr.
Agrade?o muito a V. Ex.^a a aten??o de partecipar-me a segunda parte da Diserta??o que tem escrito sobre a renova??o da cidade de Lisboa destruida, e agora repito a V. Ex.^a o que a respeito destes papeis tenho representado a ElRey meu Snr., porque achei que V. Ex.^a comprehendeo com vastid?o, discorreo com profundidade, e escolheo, a meu entender, com acerto, o modo que deve seguir-se. S. Mg.^e vai mostrando que segue o parecer de V. Ex.^a; ainda que a sua modesta escrupulosidade o duvide, e verdadeiramente s�� nesta parte me n?o parecem solidos os fundamentos da desconfian?a de V. Ex.^a. V. Ex.^a he um vasalo t?o util, como bom compatriota, e asim se percebe no zelo com que vigia sobre a saude publica, lembrando-se de que se deve dar correnteza ��s aguas estagnadas na Pra?a do Rocio e na Rua Nova dos ferros. ElRey meu Snr. foi servido encarregarme de evitar aquele perigo, e pela medea??o dos Ministros da justi?a Inspectores dos Bairros desta Cidade, com bem ordenado trabalho, se vencer?o muitas defficuldades, e entre grandes perigos n?o sucedeo a menor disgra?a, achando-se desde a somana pasada esgotados completamente hum e outro lugar. Tenho entrado a recear nos poss?o agora prejudicar as muitas lamas que a cada paso se encontr?o pelas ruas e o descuido que ha, e ouve sempre, em extrahir da superficie da terra quantidade de animaes mortos que se ach?o expostos: porem como esta incumbencia me n?o foi recomendada poupo-me ao maior pezar que seria o que me resultase de se poder acuzar a minha omi??o, o que para mim s�� era sensibilisimo. D.^s G.^e a Pesoa de V. Ex.^a m.^{tos} an.^s. Cerca das Necessidades a 5 de Mar?o de 1756.
Ex.^{mo} Snr. Manoel da Maya.
Mais attento serv.^{or} de V. E.
Duque de Laf?es[14].
Eis agora o trabalho apresentado por Manuel da Maia, e que, embora pouco nitido sob o ponto de vista litterario, honra e justifica a alta reputa??o do engenheiro, pois representa todo um complexo plano de obras de aterramento, de esgotos, de hygiene, de alinhamento de ruas e travessas nas partes da cidade a reconstituir ou a construir de novo, de construc??o de edificios publicos, entre elles os Pa?os Reaes, a Biblioteca e as
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