dos acontecimentos notaveis de nossa Historia Contemporanea, aqui os apresentamos em mui succinta exposi??o.
Nas rela??es internas:--A sentidissima morte do Principe Imperial o Senhor D. Pedro Affonso (10 de Janeiro); a pacifica??o de Pernambuco pela dissolu??o das for?as insurgentes acoutadas nas mattas d'Agua-Preta; as quest?es suscitadas em consequencia de recusarem alguns Chefes acceitar as amnistias condicionaes que lhes for?o concedidas; a peste por quasí todo o littoral do Brazil, denominada febre amarella, e que fez milhares de victimas; o procedimento do Bar?o de Jacuhy e sua briosa pertinacia em continuar no seu intento contra a Banda Oriental, até que se dissolver?o voluntariamente suas for?as, e elle se apresentou em Porto-Alegre; a sanc??o e publica??o do Codigo Commercial Brazileiro, que será dado á execu??o de 1.^o de Janeiro do anno proximo futuro em diante; a agita??o dos espiritos por causa dos factos praticados pelo Cruzeiro Inglez, as discuss?es pela imprensa e na tribuna parlamentar a que elles tem dado lugar (Junho e Julho): eis os factos que mais avult?o.
Nas rela??es externas:--As complica??es em que nos achamos no Sul do Imperio pelos factos do Bar?o de Jacuhy, haver este transposto o Quarahim, e em territorio estrangeiro praticado actos de guerra; as reclama??es ao Gabinete de Paris e ao Governador de Cayenna sobre o apparecimento de navios e for?as Francezas no lago Amapá no N. do Imperio; as repetidas affrontas e insultos que temos soffrido da Gr?-Bretanha, a qual tem continuado a abusar com o seu despotismo e insolencia proverbiaes, desprezando todos os principios sagrados do Direito Internacional, escarnecido do nosso pavilh?o, affrontado todos os Poderes do Estado, e violado impunemente os nossos direitos soberanos, a honra e dignidade nacional: eis os factos mais salientes.
A maior quest?o da actualidade é por sem duvida a de nossas rela??es com a Inglaterra.
O Cruzeiro Inglez acha-se autorizado pelo Governo da Gr?-Bretanha, a cuja testa se acha Lord Palmerston, para percorrer os nossos mares territoriaes, entrar nos nossos portos, e em qualquer parte que seja proceder á vizita e busca nos navios mercantes que lhe parecer, aprizional-os, e remettel-os para Santa Helena, ou incendiar ou metter a pique!
Elle o tem feito; e mais ainda!
E isto em contraven??o de todos os principios, em contraven??o da Conven??o de 1826, em contraven??o mesmo do famoso bill de 8 de Agosto de 1845!
E qual a causa? A continua??o do trafico de Africanos, existir em vigor o Art. 1.^o do Tratado de 23 de Novembro de 1826, e se ter o Governo do Brazil, desde que cessar?o em 1845 os Tratados que estabeleci?o o modo de realisar esse solemne compromisso, recusado sempre chegar a hum accordo com a Gr?-Bretanha a tal respeito.
Huma duzia de traficantes (que pela maior parte n?o s?o Brazileiros), insaciaveis de ouro, embora seja elle adquirido pelos meios mais infames, vís e criminosos, tem-nos feito passar pelos vexames que ora nos opprimem, pela vergonha e ignominia de nos vermos assim atrozmente injuriados e offendidos no que ha de mais melindroso, em quanto elles folg?o e riem no meio do loda?al de suas riquezas adquiridas pelo trafico, pela destrui??o da liberdade dos Africanos, pela venda de carne humana! E o que mais enche de indigna??o he que muitos d'elles s?o cobertos de condecora??es e honras (que só devi?o brilhar em peitos respeitadores das leis naturaes, divinas e humanas); e rodeados de prestigio na sociedade pela influencia do seu ouro!
Basta. Ao Governo cumpre fazer-nos sahir da gravissima situa??o em que nos achamos, do modo que mais condigno f?r com os nossos interesses, direitos e honra.
Rio de Janeiro, 14 de Julho de 1850.
O Autor.
*TITULO I.*
*SECULO XVI.*
1500.
Reinando em Portugal El-Rei D. Manoel, parte de Lisboa huma esquadrilha sob o commando de Pedro Alvares Cabral com destino á India, cujo caminho pelo Cabo Tormentorio ou de Boa-Esperan?a havia sido descoberto por Bartholomeo Dias e Vasco da Gama; porém obrigado a descambar para O. afim de desviar-se das cóstas, é acossado pelos ventos e impellido cada vez mais para este rumo. Entregue assim á mercê da Providencia, avista elle terras da America Meridional em 22 de Abril. (Muito divergem os Historiadores sobre o dia do descobrimento do Brasil; porém a opini?o mais geralmente seguida, ao menos até certa época, foi a de Ozorio, Barros, e outros que assignal?o a este acontecimento o dia 24 de Abril, fundados talvez na rela??o de um piloto que vinha nesta expedi??o e por isso testemunha ocular. Nós porém assignalamos o dia 22, fundados na carta que a D. Manoel escreveo Pedro Vaz de Caminha, que vinha na expedi??o como Escriv?o da armada, testemunha ocular, e digna de todo o conceito; carta que se vê publicada pelo P. Ayres do Cazal na sua insigne--Corographia Brasilica,--e mais accuradamente nas--Noticias Ultramarinas Tom. 4.^o Além disto temos em nosso apoio as autoridades mui valiosas do mesmo Cazal, de Varnaghen, de Fr. Francisco de S.
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