Elegia

Manuel Maria de Barbosa du Bocage
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The Project Gutenberg EBook of Elegia, by Manuel Maria Barbosa du Bocage
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Title: Elegia
Author: Manuel Maria Barbosa du Bocage
Release Date: October 5, 2007 [EBook #22898]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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Produced by Tiago Tejo
+ELEGIA,+
QUE O MAIS INGENUO, E VERDADEIRO SENTIMENTO CONSAGRA �� DEPLORAVEL MORTE
DO ILLUSTRISSIMO, E EXCELLENTISSIMO SENHOR
+D. JOZ�� THOMAZ DE MENEZES+,

SEU AUTHOR
+M. M. B. B.+
LISBOA?Na Offic. de LINO DA SILVA GODINHO.
ANNO M. DCC. XC.
_Com licen?a da Real Meza da Commiss?o Geral?sobre o Exame, e Censura dos livros._
+ELEGIA.+
Horridas sombras, horridos vapores,?Que enlutais estes ares carregados?Por onde v?o fogindo os meus clamores;
Sinistras Aves, que funestos brados?Espalhais de Cyprestes luctuosos,?Pela negra Tristeza bafejados;
A v��s consagro os prantos dolorosos,?Que meus olhos derram?o contra a dura,?Antiga ley dos Fados poderosos;
Antiga ley, que �� feia sepultura?Arroja sem respeito, e sem piedade?A Virtude, a Grandeza, a Formosura!
Aspera ley, que a pobre Humanidade?N'um momento, n'um ��tomo arremessa?Ao centro da medonha Eternidade!
Tremendissima ley, que t?o depressa?Troca em ais, e desgostos a alegria;?Troca a Purpura em luto, o solio em E?a.
Ah! Nunca amanhecera o cruel dia,?Esse dia fatal, que tu seguiste,?Noite de espanto, noite de agonia.
T��jo, que foste da Trag��dia triste?O Theatro infeliz, que he do Thesoiro,?Que a meus olhos saudosos encobriste?
Ah! N?o blazones das ar��as de oiro,?Se em ti contens o Her��e, que ao proprio Marte?Esperava ganhar a palma, o loiro.
Joz��, que, reunindo a for?a, e a Arte,?Feros Brutos ind��mitos domava,?Sendo assombro de tudo em toda a parte;
Joz��, que os luzos P��vos alegrava,?E que, sem recordar-se da grandeza,?A todos brandamente agazalhava;
Joz��, com quem a sorte, e a natureza?For?o t?o liberaes, e em quem luzia?Resto feliz da gloria Portugueza.
Oh lugubre Destino! Oh Morte impia!?Illustre, e velho Pai! Tua amargura?Qu?o rigorosa, qu?o cruel seria!
A macilenta clotho, a Parca dura?Te roubou para sempre o Filho amado,?O doce objecto da maior ternura.
Queixa-te, he justo, queixa-te do Fado,?O negro caso deploravel chora,?Em nossas faces pela Dor gravado;
Pragueja aquelle Monstro, que devora?Os miseros mortaes, dize-lhe... ah! antes?Antes a summa Providencia adora.
Adora a quem nos Astros scintilantes?Erigio, colocou seu Throno eterno,?O supremo Senhor dos Ceos brilhantes,
O Justo Deos, que com poder superno?Escondeo, ferrolhou perpetuamente?Os rebeldes espiritos no Inferno.
Elle, movendo o bra?o Omnipotente,?O filho te chamou, que merecia?Gloria immortal no Empireo reluzente.
Basta, excelso Marquez. Tua agonia?Pela F�� seja em fim modificada,?E por huma Christ?a Filosofia.
Que tambem na minha alma atribulada?Oi?o o rizo da candida Esperan?a,?Sinto a terrivel Dor mais aplacada.
E tu, Alma gentil, que na lembran?a?T?o presente me est��s, Alma ditosa,?Entre os C��ros Angelicos descan?a.
N?o precisa de lagrimas quem goza?De eterna, de immortal Felicidade,?Por isso he nossa dor infrutuosa;
Por��m, com tudo, l�� da Eternidade,?Do centro da Ventura mais perfeita,?Se te he possivel, feliz Alma, aceita?Pr��vas de Amor, effeitos da saudade.
+SONETO.+
Tudo acaba. Esse Monstro carrancudo,?Pr��le do Av��rno, effeito do Peccado,?Tudo a cinza reduz, brandindo, irado,?Com sanguinosas m?os o ferro agudo.
Oh fatal Desengano, horrendo, e mudo,?Em pavorosos marmores gravado!?Oh letreiros da Morte! Oh ley do Fado!?He verdade, he verdade: acaba tudo.
Eis o nosso miserrimo Destino:?Assim o ordena quem nos Ceos imp��ra;?Basta, adoremos o Poder Divino.
Reprime os passos, caminhante, espera,?E no Epitafio do infeliz Jozino?L�� o teu nada, o que tu ��s pond��ra.
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