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Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa?by António Feliciano de Castilho
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Title: Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz
Author: António Feliciano de Castilho
Release Date: August 16, 2006 [EBook #19062]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz
15 de Julho
*I*
Portugal!...
Miseranda patria minha!...
A que horrivel abysmo te arroja ingrata a filha de teu Rei!...
A filha do teu libertador!...
Aquella por quem espargiste o sangue de tuas veias com tanta generosidade!...
Em que abysmo t?o profundo foste precipitada, patria minha miseranda!...
Nova Polonia, vendida a tres na??es, que te veneraram já, que já provaram tua for?a e tua coragem!...
Portugal!...
Estrangulado entre as garras do Leopardo.... dilacerado pelos dentes do Le?o.... e por escarneo picado com os espor?es do gallo, que sobre o teu cadaver canta os hymnos mortuarios que a finada Polonia ouvira quando posta em almoeda era vendida a quem mais dava!...
Portugal!...
De tanta glória passada, de tanta capacidade e inexgutaveis recursos que ainda tens, de tanto patriotismo, dedica??o, grandeza de alma, que ficará?
Nem mesmo um nome que tenha alguma significa??o.
E aos vindouros nada quererá dizer esta palavra, n'outras eras t?o significativa--Portugal.--
*II*
Rainha dos Portuguezes!...
Rainha pelos Portuguezes!...
Que Has feito dessa heran?a de virtudes que Teu Pai Comprou com a vida para Ti?
Que Has feito da felicidade de Teu Povo a Ti confiada?
Que lhes Déste pelas suas esperan?as?
Esse malfadado Povo n?o tinha mais que a Deos e a Ti.
Tu lhe Faltas: e Deos punirá nelle os teus peccados.
Rainha pelos Portuguezes!...
Juraram eles Comtigo o pacto de suas venturas: e a Ti, pelo que de Ti deviam esperar, Te deram inviolabilidade: e ainda, blasfemos em suas palavras de amor por Ti, disseram que Eras--Sagrada.--
Elles obedeceram tanto; elles cumpriram tanto, e de mais, as condi??es desse pacto firmado a sangue de suas honrosas feridas de batalha, que a fome, sómente a fome lhes poude arrancar um brado supplicante, e afflicto... e n?o muito alto dado... n?o muito pungente... para n?o magoar Teu cora??o... porque Te julgavam sua M?i!...
A fome, sómente a fome lhes inspirou uma queixa humilde.
E Tu, Rainha pelos Portuguezes!...
Tu Atiraste ao Povo, que tinha fome, uma pedra com que os dentes lhe Quebraste, que elle esfaimado entre-abrira, julgando que lhe Atiravas algum peda?o de p?o, que sobejava de tua lauta mesa, que elle paga!
Rainha pelos Portuguezes!...
Como foi que Tu Cumpriste o pacto Assignado por Ti, com lagrimas de saudade a teu Pai votadas, e por teu Povo com sangue derramado por Ti?...
Qual era a condi??o de Tua inviolabilidade? Cumpriste-a Tu?
N?o és Tu mesma a confessar que Transgrediste a lei pela qual Foste feita Rainha?
Tu mesma n?o Prometteste a esse Povo esfaimado Derogar leis que Fizeste contrarias á lei que Te fez de misera proscrita uma Rainha?
Tu mesma, Submettendo-Te a condi??es aviltantes n?o Te Degradaste já de Tua alta dignidade?
Tu mesma n?o és que Derrubaste essa muralha de cora??es devotos, que Te amavam, que palpitavam por Ti, e inviolavel Te faziam e Te guardavam?
Tu mesma n?o Foste que Deixaste cair o Teu sceptro de ferro sobre essas cabe?as, que Te veneravam sagrada; e quasi que Te adoravam divina?
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E ás boccas esfaimadas Atiras Tu uma dura pedra!...
E sobre as linguas sequiosas Gottejas Tu, risonha de escarneo, o fel amargo de Tuas ingratid?es!...
E nas faces de fome pallidas, que enrubeceram pelo Teu desamor, Tu Mandaste dar por Estrangeiros muita bofetada!...
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*III*
Em silencio temos por cá pranteado os males de nossa patria: temos devorado as lagrimas: e sem nenhum murmurio elevado temos a Deos o nosso pensamento: e sobre seus altares temos por holocausto offerecido as magoas de nosso cora??o, por supplicar-lhe que affaste de nossa Patria o seu rigor, t?o justo, mas t?o pungente.
Com resigna??o christ? soffrido temos em nossos irm?os todo esse rigor da justi?a divina por m?os dos homens, irm?os nossos, infligido.
Com Fé de Portuguezes temos esperado que a misericordia divina transforme os nossos males em venturas.
é com dor, mais que acerba, que bem vemos n?o se applacar a justa ira do Senhor!
Tarde, bem tarde expiaremos as nossas culpas!
Tarde, bem tarde alcan?aremos gra?a!
Porque a maldi??o de um Deos peza sobre o lusitano povo, como sobre o povo escolhido!
Porque um perjurio, um sacrilegio tanto excitaram a colera celeste que muito longa e tormentosa terá de ser a expia??o!
Porèm diz-nos a consciencia,
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