emprendestes, e a que his ajudarnos nelle, assi como vejo que podeis fazer, e com vossa gente, e ajuda de Deos principalmente, o ganharemos dos infieis, e pois a obra, e o servi?o é de Deos, elle por sua grandeza, e piedade vos dará delle bom galard?o, e nestas cousas sómente que tocam a vossa honra, e salva??o, aconselhai-vos com sizo, e com a devo??o, e n?o com a vontade carnal, porque assás de vergonhosa cousa será publicardes pelas bocas bom dezejo para o servir, e as obras, que s?o t?o possiveis serem disso contrairas, e pois o lugar, e tempo se offerecem agora t?o despostos rogo-vos que elles n?o vos passem com ociosidade, ca bem creo, que bem sabeis que ella é fundamento de todolos peccados, e sepultura dos homens vivos, e corru??o de todolos costumes, e propositos virtuosos, e pois em vossos sobre sinaes que trazeis mostraes serdes devotos, e servidores da Cruz, assi tambem é rez?o que sejais imigos dos imigos della, e vossas m?os fortes deem agora verdadeiro testemunho da bondade, e fé de vossos cora??es, e esta tomada de Alcacere, para que vos convido, e requeiro, será com a gra?a de Deos assás possivel, se vós com vossas pessoas, e frota quizerdes ajudar a nós, que com outra gente do Reino vos seremos em todo fieis, e bons companheiros.?
Estas palavras, e outras muitas a estas conformes disse o Bispo aos Estrangeiros, alguns dos quais depois de haverem antre si seu acordo, e conselho tiveram oppini?o contraira, e se partiram, e outros, que foram os mais consentiram na proposi??o, e requerimento do Bispo, e lhes aprouve ser na ida sobre Alcacere.
CAPITULO V
Como Alcacere foi cercado, e com que numero de gente Portuguezes e tambem Estrangeiros
Aquelles Estrangeiros que foram dacordo com os Portuguezes de irem sobre Alcacere se recolheram logo ás suas naos, e sendo aparelhados do que lhes compria no mez de Setembro, se foram, e seguiram a barra de Setuvel, que neste tempo era Lugar pequeno, e n?o era cercado, em que pescadores sómente viviam, e da gente de Portugal se acha que foram estes Capit?es principaes, a saber este Dom Mateus, Bispo de Lisboa, e Dom Pedro Mestre da Ordem da Cavallaria do Templo, e Dom Mestre Gon?alo, Prior do Esprital, e Martim Barregam, Commendador de Palmella, e estes levaram comsigo da terra, Comarca de Lisboa, e de Evora, e de seus termos vinte mil homens, de que os mais eram de pé, e alguns de Cavallo, e n?o se acha que El-Rei Dom Affonso, que ent?o Reinava em Portugal, fosse neste exercito em pessoa no qual tempo parece que elle deveria ser doente, ou empedido por alguma outra urgente causa, porque n?o p?de ser neste feito, e haveria por bem, e mandaria que se fizesse prestes, como se fez, ca n?o é de crer, tamanho feito sem seu mandado, e authoridade se cometesse, e o que se neste caso achou, é que os Estrangeiros em navios, que poderam ir, foram de Setuvel pelo rio acima até junto Dalcacere, onde saindo alguns para tomar uvas, os Mouros, que da sua ida eram já bem avizados, com armas lhe foram resistir, em que houve algum acometimento de peleja, de que um Mouro se diz que ficou morto, e os outros se recolheram ao Castello, e os Estrangeiros surgindo com seus navios mais ávante poseram defronte da Villa suas pranchas, e sem resistencia sairam em terra, e logo elles, e os Portuguezes que já tambem eram chegados, juntos com devida deligencia e resguardo cercaram o Castello de maneira que alguma pessoa n?o podia sair, nem entrar sem conhecido perigo; mas os Mouros posto que com tanta estreiteza se vissem cercados n?o mostravam ter por esso desmaio, nem temor, vendo que o Castello em que estavam era de muros, Torres, barreiras, e a cava mui forte, e bem provido, e acalcado de muitas gentes, e armas, e mantimentos para grandes tempos, e por milhor senefican?a aos de fora de seu esfor?o, e confian?a, poseram muitas bandeiras por cima do muro de que em sinal de desprezo diziam feas palavras, e davam suas costumadas gritas.
E os Christ?os leixaram boa guarda sobre sua frota, que com gentes, e armas ficou no porto bem segura, e sobre esso uns, e outros fizeram logo combater o Castello, e vendo que pela larga, e alta cava com que o muro era em torno valado n?o poderam bem chegar aos muros, e cortaram tantas arvores de fruito, e juntaram tanto outro mato que sendo igual a cava com a terra de fóra podessem mais sem trabalho chegar aos muros, mas os Mouros aconselhados das necessidades e perigos em que se viam, lan?aram de cima tanto fogo, com tantas cousas temperado, que a lenha da cava ardeo logo toda, por cujo impedimento leixaram logo
Continue reading on your phone by scaning this QR Code
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the
Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.