Chronica de El-Rey D. Affonso II | Page 6

Rui de Pina
ch?os que roubaram, e queimaram, em que fizeram muto mal.

CAPITULO III
Como foi pelo Papa procedido contra El-Rei D. Affonso por causa da contenda que havia com suas irm?s, e como finalmente foram concordados
E sobre esso para mais tormento del-Rei Dom Affonso de Portugal vieram de Roma por juizes Delegados do Papa a requerimento das Ifantes o Arcebispo de Santiago, e o Bispo de ?amora, que por El-Rei de Portugal ir contra o testamento del-Rei seu padre, e por n?o desistir do cerco, que tinha posto aos Castellos de Monte mór, e Alanquer, excommungou sua pessoa, e pozeram entredicto geral em todo o Reino, exceituaram sómente as ditas Ifantes, e seus sequazes, e servidores, sobre o qual El-Rei Dom Affonso com rez?es, e cousas que achou, e lhe aconselharam de sua justi?a se enviou destes procedimentos querelar, e aggravar ao Papa, e pedir emenda del-Rei de Li?o, e dos que tinham as Villas, e Castellos de seus reinos for?ados, e nelles feitos muitos danos, alegando sobre esso a pouca justi?a que suas irm?s tinham nas Villas, e Castellos de seu Reino, com que se levantáram, e dando outras rez?es, porque entendia ser relevado da culpa que lhe dava dizendo por sua escuza, que o n?o obrigava o juramento, e menagens, que fizera de comprir o testamento del-Rei Dom Sancho seu padre, porque o fizera for?ado, e por n?o ser deserdado do Reino, e mais que a esse tempo seu pai n?o estava em todo seu sizo, e entender verdadeiro, pois tanto contra justi?a fizera tamanho enlheamento das cousas do Reino, que n?o podia fazer.
E o Papa por seu respeito cometeu este negocio aos Abbades Despina, e Vicarria, que fez Juizes Commissairos, os quais vieram a Coimbra onde sobre seguran?a já praticada, e antre todos concordada, foram tambem juntos El-Rei Dom Affonso, e suas irm?s em pessoas a que os Juizes deram solene juramento porque prometeram estarem todos á obediencia, e detremina??o de todo o que elles em nome do Papa ácerca de seus negocios detreminassem, e mandassem, e por este juramento, e promessa que se fez El-Rei, e os seus foram da excommunh?o ausolutos, e alevantado o antredicto do Reino. Os Commissairos pozeram antre elles treguas, e seguridade, que todos prometeram guardar, até o Papa finalmente detreminar suas contendas, e debates, e algumas condi??es das tregoas principaes, eram que os de uma parte, e da outra podessem livremente andar, e tratar por as terras chans uns dos outros, mas que nas Villas, e Castellos cercados n?o entrassem sem licen?a dos Senhores dellas, e que tudo podessem, uns e outros comprar, e vender salvo armas, e cavallos, e que ellas Ifantes em algum seu Lugar de Portugal n?o podessem mandar lavrar moeda douro, prata, nem dalgum metal, que quatro Cavalleiros principais da parte del-Rei jurassem que se El-Rei n?o guardasse as tregoas que cada um delles com cinco Cavalleiros mais servissem as Ifantes contra El-Rei e cada uma das Ifantes désse outros tantos por si, que com esta condi??o servissem a El-Rei contra ellas, e mais que El-Rei désse cem homens cazados, e honrados de Coimbra, e que todos lhe fizessem, e pagassem foro, e outros cento semelhantes de Santarem, que jurassem todos fazer sempre comprir esta tregoa, e que n?o a comprindo El-Rei, que servissem ás Ifantes contra El-Rei, e que ellas por sua parte déssem outros taes, a saber: cento Dalanquer, e cento de Monte mór, para que se ellas n?o comprissem a tregoa, que servissem a El-Rei contra ellas, e que neste tempo uns, e outros, n?o cercassem Villas, nem Castellos, nem se fizesse algum mal, sopena de excomunh?o, e antredicto, em que elles, e todos los ajudadores, e favorecedores ipso facto encorressem, e com mandado estreito aos Prelados do Reino, que a cada um assi como lhes tocasse as senten?as dos ditos alegados fizessem inteiramente comprir, e executar até o Papa finalmente as aprovar, ou emendar como fosse justi?a.
Esta tregoa, se fez em Coimbra na era de nosso Senhor de mil e duzentos e quatorze annos, (1214) dous annos depois que El-Rei come?ou a Reinar, e logo ahi se fulminou e principiou processo em que a Rainha, e a Ifante cada uma per si segundo os danos que del-Rei seu irm?o tinham recebidos, e pelas injurias, e males, que no cerco padeceram, pediam contra elle restitui??o, e assi seguran?a perpetua de suas Villas, e Castellos, e gram soma de maravedis, que naquelle tempo era moeda douro assi geral, e praticada como neste agora s?o na Europa os cruzados, e ducados, porque sessenta delles faziam um marco douro, como já em outras partes tenho dito, e ás peti??es das ditas Senhoras, veo El-Rei por seu procurador com excei??es, e contrariedades, e compensa??es sobre que de uma parte, e da outra foi dito, e assás alegado, e sobre seus alegados
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