A free download from www.dertz.in
The Project Gutenberg EBook of Canções, by António Botto
This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with
almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or
re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included
with this eBook or online at www.gutenberg.org
Title: Canções
Author: António Botto
Commentator: Jaime de Balsemão
Release Date: September 19, 2007 [EBook #22679]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
0. START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK CANÇÕES
***
Produced by Vasco Salgado
+CANÇÕES+
DO MESMO AUCTOR
TROVAS
CANTIGAS DE SAUDADE
CANTARES--_com
illustrações de Antonio Carneiro
e musicas de Nicolau
d'Albuquerque._
CANÇÕES
A SEGUIR:
SONETOS
O ROMANCE D'ALCÁCER
+CANÇÕES+
POR
ANTONIO BOTTO
_Todos os exemplares são rubricados
pelo auctor_
+O homem será sempre o mortal
enigma; a sombra das sombras.+
ANTÓNIO
PALAVRAS
SOBRE O ARTISTA E SOBRE O LIVRO
+CANÇÕES+
POR
JAYME DE BALSEMÃO
CANÇÕES! _Canções á vida, não lamentos aos destinos. Canções á
Fórma que é linda, portanto, canções a Deus. É assim que_ António
Botto _canta o homem, o qual vencido pende para a terra sob o peso
dos sentidos; o homem escravo, o rei do Universo. Canta a humanidade
e as coisas terranas para lhes louvar a existencia involuntaria; canta a
humanidade como elle sabe que ella é e não como elle desejaria que
ella fosse. É esta a mais suave das philosophias, é esta toda a sua
philosophia, creando na matéria uma arte deslumbrante de liturgias,
dando a essa matéria toda uma origem divina. Se é n'ella que germina a
fórma, a côr, o som, olhar attento é rezar em silencio._ António Botto
_louva e não maldiz, porque atravessa a existencia para comprehender.
E, louvando, segue a eminencia do pensar helleno, a grande harmonia
dos dois mais nobres principios;--a arte e o critério; porque medital-os
é liar n'um quietismo magnanimo as dolorosas imagens das nossas
vidas. Canções d'antigo requinte, canções de quente Sul. Canções á
mórna volúpia que adormece a louca angustia da razão. Canções de
renascença, pelo sabôr da verdade e pela technica da maneira; canções
onde a mudez não é uma crueza hostil, mas um designio de sabedorias,
como nos dias gloriosos de Cyrena, das frautas encantadas, d'Eleusus...
Canções, ao amôr,--o triste desatino; ao mar gemendo lascivas, ás
sombras acolhedoras, ao cheiro acre das terras. Canções ao bello vinho
amigo, que afasta os corpos famintos, e, a sós, sem conivencias, não
pedindo e não carpindo,--sem comico e sem tragedia--canta a vida que
sorri e olha os tempos sem mêdo._ Canções cheias de sombra e cheias
d'intenção_; canções de belleza porque são humanas e porque são raras.
Humanas, dizendo a febre de todo o goso, a luxuria que conquista, toda
a posse que tortura; raras pela forma, pelo conceito, pelo sentir.
Cantando a imperfeição o poeta canta a vida.
Doando assim por essa gentil alchimia, a mais excellente das sciencias
com a mais illustre das artes, o poeta das_ Canções_, prefere, ao
repouso feliz do muito desprezar, o soffrimento constante do muito
amar. A vida seria melhor se n'ella não existissem coisas tão bellas! É a
Fórma que o enleva, essa fórma que o tempo absorve e devora com a
vida dos artistas, porque a arte a ilumina. Essa fórma onde, por vezes,
palpita um desejo decadente de perfeições alládas e que são a
decadencia d'estas canções sentidas. Porque decadencia é como um
tédio cheio de revolta motivado pela tortura da belleza para renascer no
requinte da esthetica; maneira de protesto genial presidindo a todos os
resurgimentos nas Artes. É a Grecia douta e augusta, que renasce nos
versos de_ António Botto_, como em todas as renascenças; renasce
n'uma visão de fumo lento, erguendo-se das áras votivas ao dominio
dos Deuses humanos, a esse Hades lumbroso de murtas, divino de
comprehensões, a essa mansão da Intelligencia, dirigindo as
cellebrações nas vestalias como a humanidade nos peitos._
+. . . . . . . . . . . . . . . .
O homem cede ao desejo
como a nuvem cede
ao vento.+
_E_ António Botto _louva esse desejo regendo as acções do homem,
porque o homem d'elle nasceu. O amôr cantado assim, não é o
opprobrio que avilta, mas o culto que ennobrece. Cantar a humanidade
para a tornar mais bella!... Como os egypcios cadenciando-lhe o gesto
nas danças, como os gregos cultivando-lhe a graça dos gymnasios,
como os romanos nos libames a Jupiter. N'estas canções, o amôr, o
vinho, os festins das carnes amorosas, as penumbras languidas são
narcoticos preciosos onde o poeta afoga as dôres do pensamento. É
Venus, Éros ou Aphrodite; é o Amôr Universal que, despreza a fome, a
sêde, a fadiga, para lançar no mesmo tropel os sexos, as castas e as
intelligencias, o amôr que tenta adormecer, com o seu macabro e com
Continue reading on your phone by scaning this QR Code
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the
Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.