As Minas de Salomão

H. Rider Haggard
As Minas de Salomão, by Rider
Haggard

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Title: As Minas de Salomão
Author: Rider Haggard
Translator: Eça Queirós
Release Date: July 7, 2007 [EBook #22015]
Language: Portuguese
Character set encoding: ISO-8859-1
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DE SALOMÃO ***

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AS MINAS DE SALOMÃO

Porto--Typ. de A. J. da Silva Teixeira
Rua da Cancella Velha, 70

RIDER HAGGARD
AS MINAS DE SALOMÃO
Traducção revista
POR
EÇA DE QUEIROZ
PORTO LIVRARIA INTERNACIONAL DE ERNESTO
CHARDRON Casa editora LUGAN & GENELIOUX, Successores
1891
Todos os direitos reservados

INTRODUCÇÃO
Agora que este livro está impresso, e em vesperas de correr o mundo
largo, começa a pesar fortemente sobre mim a desconfiança de que,
para elle ser aceitavel, muito lhe falta como Estylo e como Historia.
Emquanto á Historia, realmente, não pretendi, nem tentei, metter
n'estas paginas tudo o que fizemos e tudo o que vimos na nossa viagem
á terra dos Kakuanas. Ha todavia n'esse estranho povo coisas que
mereciam exame detalhado e lento:--a sua Fauna, a sua Flora, os seus
costumes, o seu dialecto (tão aparentado com a lingua dos Zulús), o
magnifico systema da sua organisação militar, a sua arte subtil em

trabalhar os metaes... Que interessante estudo se faria, além d'isso, com
as lendas que ouvi e colleccionei ácerca das armaduras de malha que
nos salvaram na batalha de Lú! Que curiosa, tambem, a tradição que
entre elles se tem perpetuado sobre os Silenciosos, os dois colossos que
jazem á entrada das cavernas de Salomão! No emtanto pareceu-me (e
assim pensaram o barão Curtis e o capitão John) que seria mais efficaz
contar a historia a direito, e sêccamente, deixando todas estas
particularidades sobre a região e sobre os homens para serem tratadas
mais tarde, n'um tomo especial, com minudencia e largueza.
Resta-me pois implorar benevolencia para a minha tosca maneira de
escrever. Estou mais habituado a manejar a carabina do que a penna--e
sempre me foi alheia a fina arte dos arrebiques e floreios litterarios.
Talvez os livros necessitem esses floreios e ornatos: não sei, nem
possuo auctoridade para o decidir: mas, na minha barbara idéa, as
coisas simples são as mais impressionadoras--e mais facilmente se deve
acreditar e estimar o livro, que venha escripto com séria e honesta
singeleza. Lança aguda não precisa brilho, diz um proverbio dos
Kakuanas: e, movido por este conselho da sabedoria negra, arrisco-me
a apresentar a minha historia, núa, lisa, nas suas linhas verdadeiras, sem
lhe pendurar por cima, para a tornar mais vistosa, os dourados galões
da Eloquencia.
Allão Quartelmar.

AS MINAS DE SALOMÃO

CAPITULO I
ENCONTRO COM OS MEUS CAMARADAS
É bem estranho que n'esta minha idade, aos cincoenta e seis annos
feitos, esteja eu aqui, de penna na mão, preparando-me a redigir uma
historia!

Nunca imaginei que tão prodigiosa occorrencia se podesse dar na
minha vida--vida que me parece bem cheia, e vida que me parece bem
longa... Sem duvida, por a ter começado tão cedo! Com effeito, na
idade em que os outros rapazes ainda soletram nos bancos da escóla, já
eu andava agenciando o meu pão por esta velha colonia do Cabo. E por
aqui fiquei desde então, mettido em negocios, em serviços, em
travessias, em guerras, em trabalhos--e n'essa dura profissão, que é a
minha, a caça ao elephante e ao marfim. Pois, com toda esta diligencia,
só ultimamente, ha oito mezes, arredondei o meu sacco. É um bom
sacco. É um sacco graúdo, louvado Deus. Creio mesmo que é um
tremendo sacco! E apesar d'isso, juro, que para o sentir assim, redondo
e soante entre as mãos, não me arriscava a passar outra vez os transes
d'este terrivel anno que lá vai. Não! Nem tendo a certeza de chegar ao
fim com a pelle intacta e com o sacco cheio. Mas eu no fundo sou um
timido, detesto violencias, e ando farto, refarto de aventuras!
Como dizia pois, é coisa estranhissima que assim me lance a escrever
um livro. Não está nada no meu feitio ser homem de prosa e de
letras--ainda que, como outro qualquer, aprecio as bellezas da Santa
Biblia e gózo com a Historia do Rei Arthur e da sua Tavola Redonda.
No emtanto tenho razões, e razões consideraveis, para tomar a penna
com esta mão inhabil que ha quasi
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