sr. Luiz de Campos, estabelece um precedente que pode levar os servidores da casa de Bragan?a a n?o distinguirem inteiramente a differen?a que ha em ir para o pa?o e em ir para a salgadeira.
Eliminada a circumstancia do adulterio o duque é um facinora vulgar sem nenhum apoio na jurisprudencia ou na legisla??o. Depois da leitura da pe?a do sr. Luiz de Campos, um jury sensato que houvesse de julgar D. Jayme, mandal-o-hia degradado por toda a vida para a Costa de Africa. Só assim se poria uma sociedade culta ao abrigo de um principe que faz das esposas e dos vassalos um consumo que se n?o justifica pelas necessidades ordinarias da vida exterior.
* * * * *
Parece-nos ser um servi?o em extremo subalterno prestado a alguem o publicar a historia de um dos seus antepassados á luz de uma critica cujas derradeiras consequencias s?o, como no drama do sr. Campos, a condemna??o do mesmo antepassado a um genero de glorifica??o e de apotheose que elle só pode remir com a pris?o correcional perpetua.
Na pe?a do sr. Ansúr o antepassado do alto personagem a quem elle a offerece e consagra apparece-nos satisfactoriamente levado ao crime por uma provoca??o cheia de solicitude e de cortezia. ?Ha homem em casa. Com a creada? N?o. Com a patr?a.? Este grito sublime de clareza e de concis?o esparge no facto um raio de luz juridica e lan?a um immenso clar?o de legalidade e de justi?a sobre o chifarote brigantino destinado á perfura??o das damas.
Nada mais tocante do que a situa??o do duque ao receber o fatal desengano:
_Horror! Infamia! Anathema! Vergonha! ....................................... Rompe-se-me do ser toda a harmonia, Passa-se-me na mente extranha orgia! Estalam-me no corpo algumas fibras! Meu pobre espirito, que assim te libras Do desespero na mortal esphera, N?o te consumas tanto! Acalma! Espera! ......................................... Mofina dor me roe, me despeda?a! Emquanto descuidoso andara á ca?a, Tu deliravas... tu... oh! que villeza!_
E depois dirigindo-se ao pagem:
_Arrepende-te dos teus peccados Que os fios da tua vida est?o contados!_
PAGEM
Perd?o! piedade!
DUQUE
_Soffre com valor Que mais soffreu par nós o Redemptor! ..................................... .........................Alfim Com o manchil Domingos cortará A cabe?a do pagem. Morrerá._
A duqueza intervem com esta conceituosa mas intempestiva maxima:
_Jamais decepes com manchil odioso A cabe?a de um justo. é horroroso!_
O duque n?o precisa que lhe ensinem a resposta...
_Sabe mostrar do Barbad?o de Veiros O descendente, como pune o ultraje, Que lhe fizeste, Leonor! Apage._
N?o s?o estes porém os unicos servi?os prestados pelo sr. Ansúr á clareza justificativa dos factos e ao esplendor immarcessivel da casa de Bragan?a. A pe?a d'este benemerito cavalheiro abunda em conceitos e em no??es preciosas para a historia da nossa monarchia. Quem é o luso que, presando-se de amar o rei e a patria, deixará de ler sem uma commo??o profunda as seguintes palavras que o auctor p?e na bocca da m?e de D. Manuel, por occasi?o do advento d'este monarcha ao regio solio?
_Omnipotente Deus! quiz o destino Dar existencia ao throno manuelino! Quem predissera tal, filho cadete, Quando surgiste á luz em Alcochete?!_
Temos por indigno e refece todo o cortez?o que achando-se ao servi?o da casa de Bragan?a se recusar a decorar os seguintes carmes em que o sr. Ansúr celebra os antigos privilegios heraldicos de t?o distincta familia:
_A n?o ser o real, n?o ha poder, Que possa hoje nos reinos exceder O de nosso senhor! Póde D. Jayme (ó fóros brigantinos inspirae-me) Nas salas dos seus pa?os ter doceis E sitiaes nas egrejas dos fieis. Forrada com arminhos, rica, larga Vestir opa vermelha aberta á ilharga; Ante si leva estoque, segundo acho, Com o extremo voltado para baixo, Distinctivo dos reis, que é para cima._
Faz gosto ler estas noticias e pensar a gente que pertence a um paiz em cujo throno se acha uma familia que antes de reinar tinha o direito de levar estoque para baixo, que ao reinar adquiriu o direito de levar estoque para cima, de sorte que póde hoje em dia (ó fóros brigantinos acudi-me), levar estoque simultaneamente para cima e para baixo!
A unica coisa que se nos offerece reprehender na pe?a do sr. Ansúr, por innumeros titulos superior á do sr. Luiz de Campos, é que o auctor a n?o tivesse accrescentado com mais um acto, no qual, para completa rehabilita??o da casa de Bragan?a, o duque D. Jayme nos apparecesse resgatando-se aos olhos do Omnipotente por meio das penitencias em que consumiu até o ultimo dia da sua taciturna viuvez. Nos pa?os de Villa Vi?osa ainda hoje se mostra aos viajantes uma tina cavada no ch?o, a que se desce por quatro degraus, na qual é tradi??o geralmente crida que o nobre duque se mettia em agua, durante uma hora por dia, para desaggravo e remiss?o de suas culpas. O illustre heroe t?o devéras se arrependeu que chegou a mortificar-se d'esta maneira insolita
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