A Scena do Odio | Page 2

José de Almada Negreiros
Floresta-Ardida?�� meia-porta da tua Miseria!?�� Fado da M��-Sina?com illustra??es a giz?e lettra da Maldi??o!?�� f��ra vadia das viellas a?aimada na Lei!?O chale e len?o a resguardar a tysica!?�� franzinas do fanico?co'a syphilis ao collo por essas esquinas!?�� nu d'aluguer?na meia-luz dos cortinados corridos!?�� oratorio da meretriz a mendigar gorgetas?pr'�� sua Senhora da Boa-Sorte!?�� gentes tatuadas do cal?o!?�� carro vendado da Penitenciaria!
E tu tambem, �� Humilde, �� S��mples!?enjaulados na vossa Ignorancia!?�� p�� descal?o a callejar o cerebro!?�� musculos da saude de ter fechada a casa de pensar!?�� alguidar de ass?rda fria?na ceia-fadiga da d?r-candeia!?�� esteiras duras pr'a dormir e fazer filhos!?�� carretas da Voz do Operario?com gente de preto a p�� e philarmonica atraz!?�� campas razas engrinaldadas,?com chap?es de ferro e bal?es de vidro!?�� bota r?ta de mendingo abandonada no p�� do caminho!?�� metamorphose-selvagem das feras da cidade!?�� gera??o de bons ladr?es crucificados na Estupidez!
�� sanfona-saloia do fandango dos campinos!?�� pampilho das Lezirias innundadas de Cidade!
E v��s varinas que sabeis a sal?e que trazeis o Mar no vosso avental!
E v��s tambem, �� mo?as da Provincia?que trazeis o verde dos campos?no vermelho das faces pintadas.
E tu tambem �� mau gosto?co'a saia de baixo a v��r-se?e a falta d'educa??o!?�� oiro de pechisbegue (esperteza dos ciganos)?a luzir no vermelho verdadeiro da blusa de chita!?�� tedio do domingo com botas novas?e musica n'Avenida!?�� sancta Virgindade?a garantir a falta de lindeza!?�� bilhete postal illustrado?com appari??es de beijos ao lado!
�� Arsenal-fadista de ganga azul e c?co socialista!?�� sahidas p?r-do-sol das Fabricas d'Agonia!
E v��s tambem, nojentos da Politica?que exploraes eleitos o Patriotismo!?Maquereaux da Patria que vos pariu...
E v��s tambem, pindericos jornalistas?que fazeis cocegas e outras coisas?�� opini?o publica!
E tu tambem, roberto fardado:?Futrica-te espantalho engalonado,?apeia-te das patas de barro,?larga a espada de matar?e p?e o penacho no rabo!?R��lha-te mercenario, asceta da Crueldade!?Espuma-te no chumbo da tua Valentia!?Agoniza-te Rilhafolles armado!?Desuniversidadiza-te da doutoran?a da chacina,?da sciencia da matan?a!?Groom fardado da N��gra,?p��ria da Velha!?Encaveira-te nas esp��ras luzidias de s��res fera!?Despe-te da farda,?desenfia-te da Impostura, e p?e te nu, ao l��u?que ficas desempregado!?Acoura?a-te de Senso,?vomita de vez o morticinio,?enche o pote de raciocinio,?aprende a l��r cora??es,?que ha muito mais que fazer?do que fazer revolu??es!?Rebusca no s��res selvagem,?no teu cofre do exterminio?o teu calibre maximo!?acaba de vez com este planeta,?faze-te Deus do Mundo em dar-lhe fim!?(Ha tanta coisa que fazer, Meu Deus!?e esta gente distrahida em guerras!)
Olha os que n?o s?o nada por te cantarem a ti!?tantos mundos!?tantos genios?que n?o fizeram nada,?que deixaram este mundo tal qual!?Olha os grandes o que s?o, estragados por ti!?E de que serve o livro e a sciencia?se a experiencia da vida?�� que faz comprehender a sciencia e o livro??Antes n?o ter sciencias!?Antes n?o ter livros!
Larga a cidade masturbadora, febril,?rabo decepado de lagartixa,?labyrintho cego de toupeiras,?ra?a de ignobeis myopes, tysicos, tarados,?anemicos, cancerosos e arseniados!?Larga a cidade!?Larga a infamia das ruas e dos boulevards,?esse vae-vem cynico de bandidos mudos,?esse mexer esponjoso de carne viva,?esse s��r-l��sma nojento e macabro,?essess zig-zag de chicote auto-fustigante,?esse ar expirado e espiritista,?esse Inferno de Dante por cantar,?esse ruido de sol prostituido, impotente e velho,?esse silencio pneumonico?de lua enxovalhada sem vir a lavadeira!
Larga a cidade e foge!?Larga a cidade!?Mas larga tudo primeiro, ouviste??Larga tudo!?--Os outros, os sentimentos, os instinctos,?e larga-te a ti tambem, a ti principalmente!?Larga tudo e vae para o campo?e larga o campo tambem!?--P?e-te a nascer outra vez!?N?o queiras ter pae nem m?e,?n?o queiras ter outros, nem Intelligencia!?E j�� houve Intelligencia a mais: pode parar por aqui!?Depois p?e-te a viver sem cabe?a,?v�� s�� o que os olhos virem,?cheira os cheiros da Terra,?come o que a Terra d��r,?bebe dos rios e dos mares,?--p?e-te na Natureza!
Mas tu nem vives, nem deixas viver os mais,?Cr��pula do Egoismo, cartola d'espanta-pardaes!?Mas has-de pagar-Me a febre-rodopio?nov��llo emmaranhado da minha d?r!?Mas has-de pagar-Me a febre-calafrio?abysmo descida de Eu n?o querer descer!?Has-de pagar-Me o Absyntho e a Morfina!?Hei-de ser cigana da tua sina!?Hei-de ser a bruxa do teu remorso!?Hei-de desforra-d?r cantar-te a buena-dicha?em aguas-fortes de Goya?e no cavallo de Troya?e nos poemas de Po?!?Hei-de feiticeira a gallope na vassoira?largar-te os meus lagartos e a Pe??nha!?Hei-de vara magica encantar-te arte de ganir!?Hei-de reconstruir em ti a escravatura n��gra!?Hei-de despir-te a pelle a pouco e pouco?e depois na carne viva deitar fel,?e depois na carne viva semear vidros,?semear g��mes,?l��mes,?e tiros!?Hei-de gosar em ti as p��ses diabolicas?dos theatraes venenos tragicos da persa Zoroastro!?Hei-de rasgar-te as vrilhas com forquilhas e croques,?e desfraldar-te nas canellas mirradas?o n��gro pend?o dos piratas!?Hei-de corvo marinho beber-te os olhos v��sgos!?Hei-de boia do Destino ser em braza?e tu naufrago das gal��s sem horizontes verdes!
Ah que eu sinto claramente que nasci?de uma praga de ciumes!?Eu sou as sete pragas sobre o Nylo?e a alma dos Borgias a penar!
End of Project Gutenberg's A Scena do Odio, by Jos�� de Almada Negreiros
? END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A SCENA DO ODIO ***
? This file should be named 22615-8.txt or 22615-8.zip ***** This and all associated files of
Continue reading on your phone by scaning this QR Code

 / 6
Tip: The current page has been bookmarked automatically. If you wish to continue reading later, just open the Dertz Homepage, and click on the 'continue reading' link at the bottom of the page.